Criptorquidia

Home Criptorquidia
Bebês página criptorquidia site Dr. Rafael Rocha urologista infantil e cirurgião pediátrico

Cerca de 4% dos recém-nascidos apresentam uma condição conhecida pelo urologista pediátrico como criptorquidia ou testículos não descidos.

Durante o desenvolvimento fetal, os testículos são formados dentro da cavidade abdominal. Isso ocorre ao redor da 7ª ou 8ª semana de gestação e lá eles permanecem até a 28ª semana. A partir daí os testículos começam sua migração através do canal inguinal para o escroto.

Tal migração ocorre por uma combinação de diversos fatores, incluindo fatores hormonais, físicos e ambientais. Contudo, tal mudança não acontece completamente em alguns bebês. Nesses casos o testículo permanece no canal inguinal ou na cavidade abdominal.

Também é possível que ocorra o testículo ectópico, ou seja, que migra para fora do caminho fisiológico de descida ao escroto. Alguns locais onde o testículo pode se alojar incluem:
● Suprapúbico;
● Bolsa inguinal superficial;
● Peritônio;
● Face interna da coxa.

Muitos casos dessa anomalia não precisam de tratamento, somente acompanhamento clínico. É comum que eles se resolvam espontaneamente até os 4 meses de idade. Portanto, somente 0,8% dos bebês precisam ser operados por causa da condição.

O criptorquidismo é muito mais comum em bebês prematuros. Cerca de 45% deles são diagnosticados pelo urologista infantil com a condição ao nascer. Da mesma forma, é possível que tudo seja resolvido sem necessidade de cirurgia pediátrica. Mesmo assim, pais devem procurar o acompanhamento de um urologista pediátrico.

Possíveis causas da criptorquidia

Apesar de especialistas em urologia pediátrica estimarem que a criptorquidia esteja relacionada ao baixo peso ao nascer e prematuridade, ainda não é possível estabelecer uma relação causal. Os casos da síndrome são, na maioria das vezes, considerados idiopáticos. Ou seja: não possuem causa definida.

Ao perceberem a ausência de testículo no filhos, o melhor que os pais podem fazer é procurar acompanhamento de um Urologista Pediatra. Pois caso a condição não seja corrigida existe um risco de câncer de testículo aumentado, infertilidade ou torção testicular.

Fatores de risco para a criptorquidia

Como mencionamos, os principais fatores de risco relacionados à criptorquidia são a prematuridade e o baixo peso ao nascer (inferior a 2,5kg). Também considera-se um fator que aumenta muito as chances de ter o problema a exposição a estrogênios durante a gestação.

Também existem alguns fatores que são considerados predisponentes e são frequentemente encontrados pelo Urologista Pediátrico junto com a esse problema:
● Fraqueza ou defeitos da cavidade abdominal;
● Defeitos do tubo neural;
● Paralisia cerebral;
● Desordem do desenvolvimento sexual;
● Alterações genéticas que comprometam a produção de testosterona.

É possível que a condição esteja ligada a fatores genéticos. Quando o pai ou irmão foram diagnosticados com a anomalia as chances de possuir a síndrome ao nascer são muito maiores.

Tipos de criptorquidia

Alguns casos recebem sua própria denominação por causa de características particulares. Trouxemos abaixo as definições mais comuns da criptorquidia com uma descrição detalhada. Confira!

Testículo retrátil

O que chamamos de testículo retrátil é aquele que durante a maior parte do tempo encontra-se no escroto. Quando ocorre uma contração do cremaster ele se desloca cranialmente. Esse músculo está inserido na bolsa escrotal e tem como função controlar a temperatura do testículo.

Testículo ascendente

Os testículos ascendentes estão posicionados no escroto normalmente. No entanto, em determinada idade, eles se deslocam cranialmente mantendo-se fora do escroto.

Testículo ectópico

Nesse caso o testículo começou seu processo de descida da região inguinal, mas se “desviou” do caminho. Assim, ele fica localizado em uma região anormal, não na bolsa escrotal onde deveria estar.

Criptorquidia bilateral

É o tipo menos comum. Ocorre em cerca de 10% dos recém-nascidos. Nesse caso, ambos os testículos encontram-se “não descidos”, ou seja, fora da bolsa escrotal.

Criptorquidia unilateral

Ocorre em uma quantidade maior de recém-nascidos, cerca de 20%. No quadro de criptorquidia unilateral somente um dos testículos está ausente da bolsa escrotal.

Complicações associadas à criptorquidia

Quadros de criptorquidia são comumente associados a outras síndromes e disfunções. A hérnia inguinal, por exemplo, está presente em até 90% dos casos de criptorquidia unilateral e em até 70% de quadros da condição bilateral. Ela é caracterizada por uma abertura ou fraqueza na musculatura abdominal na região da virilha que pode ou não permitir a passagem de órgãos.

Também é possível que os testículos não descidos estejam associados à hipospádia ou micropênis. A síndrome é fortemente presente em desordens de diferenciação sexual, também conhecidas como DDS.

A hipospádia proximal, quando a saída da uretra está localizada próxima ao escroto, é a mais presente em casos da síndrome. Mesmo que o testículo não descido não seja identificado logo, o paciente deve receber acompanhamento médico até a puberdade como prevenção.

Os testículos não descidos e não palpáveis têm muito mais chances de estarem relacionados a uma condição intersexual que aqueles que são palpáveis.

Como ocorre o diagnóstico de criptorquidia

Em 80% dos casos de criptorquidia o escroto encontra-se vazio no nascimento. O médico consegue, dessa maneira, encaminhar os pais para a consulta e eventual diagnóstico com um urologista infantil ou cirurgião pediátrico rapidamente. No restante dos quadros, o paciente descobre a condição em consultas de rotina com o urologista pediátrico.

A avaliação inicial do urologista pediatra é basicamente clínica utilizando a análise do histórico fornecido pelos pais e do exame físico. Confira abaixo os detalhes das avaliações e exames utilizados para diagnosticar essa síndrome.

Exame físico e anamnese

Tudo começa com uma descrição do histórico clínico da criança para o urologista infantil. Ao avaliar a história é preciso incluir fatores de risco maternos e paternos, como exposição hormonal e distúrbios genéticos.

Em alguns casos pacientes já possuem histórico de testículos descidos. Nesses, é possível que estejamos de frente a um caso de ascensão testicular. Se houve uma cirurgia inguinal prévia ela também pode estar relacionada e causar um aprisionamento.

O urologista pediatra também realiza um exame físico bastante simples realizado com a criança sentada ou na posição de cócoras. Ele passa os dedos na região inguinal para identificar a presença do testículo ausente do escroto.

Exames de imagem

O urologista pediátrico geralmente recomenda o uso de ultrassonografia no diagnóstico.

No entanto, esse exame de imagem é considerado pouco eficiente quando
comparado ao exame físico. Esse último pode chegar a 83% de eficácia quando realizado por um urologista pediátrico especializado. Já a ultrassonografia possui somente 44% de eficácia.

A ultrassonografia é utilizada no pré-operatório de tais quadros para identificar todas as estruturas comprometidas e ajudar a encontrar a melhor solução cirúrgica.

Laparoscopia

A laparoscopia é um exame bastante mais preciso para indivíduos com a síndrome. Ela possui sensibilidade e especificidade de quase 100% e permite também realizar alguns tipos de tratamento durante sua realização.

O exame é utilizado entre os 11 e 30 meses de idade para auxiliar no diagnóstico e decisão cirúrgica. Ele ajuda a identificar testículos não palpáveis extra-abdominais, atróficos, ausentes e intra-abdominais.

Avaliação genética

Pacientes que foram diagnosticados com criptorquidia e hipospádia ou micropênis possuem fortes fatores indicadores de uma desordem de diferenciação sexual (DDS). A chance de que esse seja o caso é a partir de 20%, podendo ser de 50% quando existem testículos não descidos e não palpáveis bilateralmente.

Quando esse é o caso é obrigatório realizar um exame de cariótipo e uma avaliação hormonal com dosagem de testosterona total, FSH e LH. Outro exame necessário é o de estimulação com a gonadotropina coriônica humana (hCG) para diferenciar o caso. Em certas ocasiões o urologista infantil também pede uma ressonância magnética após os primeiros resultados.

Opções de tratamento para a criptorquidia

O tratamento de criptorquidia em que não houve solução espontânea até os 6 meses de idade é sempre cirúrgico, feito com o cirurgião pediátrico. O mais recomendado é que a solução seja tratada cedo, antes de 1 ano, para manter a fertilidade e espermatogênese futura do menino. A cirurgia pediátrica precoce com o cirurgião pediatra também diminui as chances de desenvolver câncer testicular.

Em casos da anomalia com testículo não descido palpável utiliza-se o procedimento de orquipexia. Nele o especialista cirúrgico traz o testículo para dentro do escroto e o sutura, eliminando sua motilidade. Durante a operação o médico também deve corrigir a hérnia inguinal, caso esteja presente.

Já em testículos não descidos não palpáveis é necessário utilizar o procedimento com laparoscopia. O laparoscópio ajuda a encontrar o testículo na cavidade abdominal e posicioná-lo dentro da bolsa escrotal. Caso exista um testículo atrófico basta remover o tecido.

Também existe o quadro de testículo retrátil que em, alguns casos, necessita de tratamento cirúrgico.

Possíveis complicações da criptorquidia

As complicações da criptorquidia ocorrem ao manter o testículo em local anômalo por tempo demais. É possível que o tecido sofra uma malignização e se transforme em um câncer. Apesar de ser uma complicação tardia, ela é bastante grave.

Caso o paciente não passe por cirurgia pediátrica corretiva a tempo, outra consequência comum é a infertilidade. O testículo deve ser mantido na bolsa escrotal para manter a temperatura ideal para a espermatogênese. Se isso não acontecer o homem pode ter diminuição importante de taxas de fertilidade , diminuindo suas chances, portanto, de ter um filho.

Fale Conosco

    Marque sua Consulta

    Clínica:

    Tel: (11) 3032-3609

    Endereço: Av. Brg. Faria Lima, 1616 - Jardins