Antes de explicar o que é, como e quando é feita a cirurgia de orquidopexia, é fundamental que entendamos a criptorquidia. Esse é o nome dado ao testículo não descido, ou seja, o testículo que não desce até a bolsa testicular.
Os testículos são formados dentro do abdome e, normalmente, descem pelo canal inguinal até o escroto, antes da criança nascer ou até os quatro meses de vida. Se não houver deslocamento dos testículos após este período, é pouco possível que o façam naturalmente e será indispensável o procedimento cirúrgico.
Essa anomalia pode se manifestar pela ausência de um ou dos dois testículos, que costumamos chamar de criptorquidia unilateral ou bilateral.
Mais comum do que parece. Mais fácil de tratar do que se imagina.
Os distúrbios que prejudicam a formação e o posicionamento dos testículos estão entre os tratamentos cirúrgicos com mais ocorrência em bebês. Quase 5% dos recém-nascidos a termo e até aproximadamente 35% dos prematuros, são atingidos pela criptorquidia. Normalmente, o diagnóstico é simples, realizado, na maioria das vezes, ainda na sala do parto, após o nascimento do bebê, através de simples apalpação pelo cirurgião pediátrico.
Orquidopexia é o nome da cirurgia para corrigir essa anomalia, colocando os testículos na posição original. Essa cirurgia é muito simples e, geralmente, os pacientes costumam ter alta no mesmo dia, recomendando-se essa cirurgia antes mesmo do menino completar um ano.
Mais do que uma questão estética, o procedimento visa regenerar o organismo da criança. E isso garante o desenvolvimento normal do menino, evitando problemas mais sérios quanto a sua fertilidade e outros agravantes no futuro.
O que é a criptorquidia?
Na maioria dos casos, o problema surge porque um dos testículos não se deslocou do abdômen para a bolsa escrotal na fase de formação do feto. Há casos também, como num fenômeno chamado de agenesia testicular, em que o testículo simplesmente não existe. O que é um caso cirúrgico também.
Apesar de não provocar sintomas, o problema deve ser corrigido cirurgicamente, assim que possível, devido aos riscos de complicações a longo prazo, tais como infertilidade na vida adulta ou até mesmo câncer de testículo.
O surgimento da criptorquidia
Próximo aos rins, os testículos começam a ser formados a partir da 6ª semana de gestação na região abdominal. Perto da 10ª semana, eles vão para a região da virilha, onde ficam até a 28ª semana de gravidez.
A partir daí, até a 40ª semana, os testículos movimentam-se, lentamente, pelo canal inguinal no caminho do saco escrotal.
O processo de deslocamento dos testículos, em algumas crianças, principalmente nas prematuras, só se conclui semanas ou meses após o nascimento.
O caminho natural
Na maioria dos bebês, porém, o testículo acaba descendo naturalmente para a bolsa escrotal nos primeiros meses de vida, de forma que, ao final do primeiro ano, apenas 1% dos meninos ainda apresenta a enfermidade.
Em 90% dos casos, a doença se manifesta de forma unilateral, ou seja, apenas um dos testículos não desce. O mais habitual é que o testículo criptorquídico seja o esquerdo.
Os locais mais comuns onde o testículo se aloja são a região abdominal, inguinal e supraescrotal.
Na maioria dos pacientes, o testículo criptorquídico é palpável em algum local ao longo do canal inguinal.
Problemas que a criptorquidia não tratada pode trazer
O problema em si não provoca nenhum sintoma considerável, mesmo assim sua correção cirúrgica precoce é importante devido aos riscos de complicações.
Os possíveis problemas e sequelas de testículos criptorquídicos poderão se manifestar das seguintes formas: compressão do testículo por traumas na região onde ele está preso; torção testicular; hérnia inguinal; problemas de fertilidade na vida adulta e possibilidade de aumento de ameaça de câncer no testículo.
Como a orquidopexia é realizada?
Uma pequena incisão é feita na virilha ou na bolsa escrotal para localização e mobilização dos testículos, podendo ser utilizada anestesia geral ou raquidiana. Por isso mesmo, a cicatriz tende a ser muito discreta.
Para se encontrar o testículo infra-abdominal, também pode ser feita uma reduzida abertura no abdome por onde são inseridos aparelhos de laparoscopia, que constitui-se de uma pequena câmera com luz que gera imagens da cavidade abdominal. O laparoscópio, aparelho de laparoscopia, também pode ser usado para levar o testículo, quando o mesmo é localizado, até a bolsa escrotal, porque este equipamento serve tanto para diagnosticar o problema, como para o tratamento propriamente dito.
Porque fazer a orquidopexia é tão importante?
Depois do período de gestação, os testículos precisam de uma determinada temperatura para se desenvolverem. E essa temperatura só é conseguida dentro da bolsa testicular. Por isso, testículos localizados em outras regiões do corpo são expostos a temperaturas mais altas do que o desejável. Desse jeito, mesmo diferenças de temperaturas aparentemente pequenas, podem comprometer a capacidade do menino de ter filhos em sua fase adulta. Assim, crianças que convivem por longos períodos com essa má-formação provavelmente terão dificuldades de procriação no futuro.
É recomendado que os meninos recém nascidos portadores do problema sejam submetidos ao tratamento cirúrgico antes de completarem 1 ano de vida. Após esse período, o distúrbio pode trazer outras preocupações.
Por isso, mesmo que a criança já esteja com mais de um ano, a cirurgia deve ser feita. Além de reparar questões estéticas, o procedimento assegura que os testículos conservem a sua função hormonal, como a produção de testosterona e seus adicionais, ainda que a função de reprodução tenha sido comprometida parcialmente.
Quais as complicações possíveis da orquidopexia?
Na literatura médica não é comum o relato de complicações, porém, podem verificar-se sangramentos ou infecções como em qualquer outra operação. Mas raramente ocorrem lesões dos vasos sanguíneos do testículo ou outro problema testicular.
Antes da cirurgia, porém, é fundamental que se faça uma consulta com o médico anestesiologista, para assegurar que o menino esteja em boas condições para passar por aquele procedimento. Geralmente são solicitados também hemograma completo e um período de jejum que antecede a operação, prescritos pelo cirurgião pediátrico.
No caso, pouco comum, da primeira cirurgia não resolver o problema satisfatoriamente, um segundo procedimento poderá ser feito, respeitando-se o limite de cerca de 1 ano entre um e outro.
Esteja atento à saúde do seu bebê. Busque sempre a orientação de um médico especialista em cirurgia pediátrica.
Quais os cuidados pós-cirúrgicos da orquidopexia?
A orquidopexia, assim como outras cirurgias, exige cuidados de assepsia local e precaução com a região operada, evitando-se impactos.
A reabilitação das crianças de colo é mais fácil do que a das crianças que já andam, brincam, correm. Pelo menos por uns 30 dias, as crianças maiores devem deixar de lado brincadeiras com impacto e atividades físicas, como jogar bola, pedalar, andar de skate, patins e outros que exijam maior esforço e possam provocar choques e quedas.
Os cuidados do pós-operatório serão recomendados pelo cirurgião pediátrico, trazendo segurança e bem-estar para a criança e mais tranquilidade para a família.