Quais as doenças urológicas infantis mais comuns tratadas pelo cirurgião pediatra?

menina e menino se escondendo atrás de parede com cara de assustados porque vão a cirurgião pediatra que trata fimose

Desde o pré-natal, passando pela infância, até a adolescência, o cuidado especializado da saúde no início da vida nos traz benefícios que carregaremos até a maturidade. Mas quando se trata de saúde das crianças, pouco é discutido sobre o papel do urologista infantil e do cirurgião pediatra e, ainda mais, que esses profissionais atuam em conjunto. Pensando nisso, vamos detalhar aqui o que cada um deles faz, como é sua formação e quais são algumas das doenças urológicas infantis que necessitam de suas intervenções, como a fimose, a hipospádia, a criptorquidia, a estenose de JUP e a hidrocele.

O que fazem e qual a formação do cirurgião pediatra e do urologista infantil?

A urologia é a área médica dedicada ao estudo dos órgãos sexuais e do trato urinário de ambos os sexos, ou seja, do funcionamento de órgãos como bexiga, uretra, próstata e rins das pessoas. Já a urologia infantil, atende todas as doenças, relacionadas a esses mesmos órgãos, que acometem crianças e adolescentes até os 18 anos. 

O cirurgião pediatra é um profissional que possui uma especialidade abrangente para tratar cirurgicamente de crianças, desde o período neonatal até a puberdade. O especialista em cirurgia pediátrica que atua em também em urologia infantil é um profissional que passa por uma extensa formação além da faculdade de Medicina. São dois anos de especialização em cirurgia geral, três anos de cirurgia pediátrica e mais um ano de estudos em urologia infantil.

E quais serão os casos reservados ao cirurgião pediatra na área da urologia?

As doenças urológicas infantis mais comuns e que precisam de intervenção cirúrgica são tratadas pelo cirurgião pediatra. Abaixo você irá conferir algumas condições médicas que possivelmente requerem a intervenção desse profissional no campo da urologia.

menina sorrindo vestida de cirurgião pediatra

Fimose Infantil

Certamente a mais conhecida das intervenções que iremos mencionar, a fimose em criança diz respeito à dificuldade ou impossibilidade de retrair o prepúcio (pele que envolve o pênis), a fim de que a glande (cabeça do pênis) seja exposta. Essa condição é considerada normal no início da vida por conta de aderências que existem entre glande e prepúcio. Ela irá se resolver com exercícios e aplicação de pomadas caso não haja resolução ou na presença de complicações deve ser realizada a cirurgia de postectomia infantil, também chamada no aspecto religioso de circuncisão.

A cirurgia de fimose infantil é recomendada preferencialmente a crianças entre 2 a 3 anos ou antes, caso existam complicações. 

Existem dois tipos de fimose: a primária e a secundária. 

A fimose primária diz respeito à dificuldade de retração do prepúcio em bebês, de maneira fisiológica. Já a fimose secundária é decorrente de uma infecção ou manipulações traumáticas do prepúcio e são nesses casos que a intervenção se faz essencial.

Em diversas realidades ao redor do globo também é realizada a circuncisão por motivos religiosos ou culturais, sem que haja necessariamente uma recomendação médica para tanto.

O procedimento cirúrgico é simples, com pouco tempo de duração e sem grandes chances de complicações. O tempo de recuperação também é pequeno, com necessidade de poucos cuidados especiais, geralmente apenas uma maior higiene e aplicação de pomadas. 

Hipospádia

Já a hipospádia é uma condição congênita complexa, na qual a abertura do canal da uretra se encontra na parte de baixo do pênis e não na sua ponta. Isso é prejudicial ao paciente pois, a depender do quanto a anatomia é afetada, influencia diretamente tanto o trato urinário quanto sua futura vida sexual, assim como, possivelmente, sua fertilidade.

Nesses casos, a intervenção feita pelo cirurgião pediatra a fim de corrigir a anatomia, apresenta-se como essencial. Caso o canal a ser reconstituído seja extenso, podem ser necessárias várias abordagens cirúrgicas para o tratamento. 

Criptorquidia

A criptorquidia, deve ser observada durante o primeiro ano de vida, na maioria dos casos aguardando que o testículo desça naturalmente até a bolsa testicular, porém, quando isso não acontece, é importante considerar a intervenção cirúrgica já que isso pode prejudicar a produção de espermatozoides além de outras complicações. 

O procedimento cirúrgico para repará-la se chama orquidopexia e costuma ser realizado até os 2 anos de idade do paciente, sendo uma intervenção de pequeno porte e sem grandes riscos de complicações.

Estenose de JUP

Geralmente já diagnosticada no pré-natal, a estenose de JUP (junção ureteropiélica) consiste em uma condição congênita do bebê, em que há uma obstrução no trato urinário. Ela ocorre porque o ureter (canal em que passa a urina dos rins em direção à bexiga) é mais fino do que o adequado e isso provoca o acúmulo de urina nos rins, que não consegue escoar rapidamente para a bexiga. 

Essa obstrução provoca a sobrecarga dos rins e, possivelmente, perda da função renal, quando não tratada devidamente. Nos casos mais graves a solução é a nefrectomia, ou seja, a retirada do rim.

Entretanto, recomenda-se um cuidado prévio a fim de evitar ao máximo que se chegue a esse ponto. Para reparar a estenose de JUP, realiza-se a pieloplastia, que irá retirar a parte estreita do canal e restabelecer um fluxo correto. É considerada uma intervenção mais complexa e o paciente deve permanecer com um cateter dentro da via urinária por um mês e ficar internado por 48 hs após o procedimento. 

Hidrocele

Por fim, a hidrocele é um acúmulo de líquido encontrado no entorno do testículo e é comum em recém-nascidos, a reabsorção do líquido ocorre naturalmente no decorrer do primeiro ano de vida na maioria dos casos. Quando não houver absorção o tratamento cirúrgico é indicado. 

Agora que você conhece algumas das atuações do cirurgião pediatra no trato de doenças urológicas, como a fimose infantil, fica mais fácil identificá-las e recorrer a um profissional especializado quando for necessário.