Os rins finalizam a filtragem do sangue transformando-o em urina, que segue pelos ureteres até a bexiga. Lá, ela é armazenada até ser excretada através da uretra. Na bexiga existem diversas bactérias que não devem voltar ao sistema urinário, o que seria o terror de qualquer urologista infantil. Por isso, alguns sistemas de válvulas impedem que o líquido faça o caminho oposto, o que prejudicaria muito os rins. Além disso, o sistema todo funciona sob uma pressão ideal para que a filtração e escoamento de urina aconteça de maneira ideal. Mas, se acontece retorno de urina para o sistema urinário superior, como no refluxo vesicoureteral, acaba ocorrendo elevação da pressão neste sistema causando deformidade dos rins e ureteres além de dano na função do rim.

Confira exatamente como ocorre a patologia, seus sintomas, diagnóstico e o tratamento. 

O que é exatamente refluxo vesicoureteral

As válvulas do ureter geralmente impedem o retorno de urina da bexiga para o sistema urinário superior. No entanto, em pacientes que o urologista infantil diagnosticou com refluxo, alguma deficiência impede o funcionamento correto das válvulas anatômicas. Portanto, o líquido retorna para o rim e entra em contato com suas estruturas que são sensíveis a bactérias e a alta pressão. 

A maioria dos casos surge por causa de defeitos congênitos que podem ser percebidos ainda nos primeiros meses de vida. Muitos pacientes possuem desenvolvimento incompleto do túnel uretral, o que torna a ação das válvulas insuficiente para conter o fluxo urinário. Em outros casos a pressão excessiva na bexiga é a origem do refluxo vesicoureteral. 

Isso pode acontecer por causa de disfunções miccionais, obstruções na bexiga, constipação, micção infrequente, entre outros problemas. 

Graus do refluxo de acordo com o urologista infantil

Quando o especialista realiza o diagnóstico do refluxo ele também consegue identificar seu grau. De acordo com ele é possível determinar os tratamentos mais adequados para o paciente. 

O primeiro, considerado como leve a moderado, geralmente desaparece ainda nos primeiros meses de vida. No entanto, ele ainda apresenta um grande risco de infecção para o qual os pais devem ficar atentos. Caso a criança apresente dores, febre e outros desconfortos deve ser levada ao urologista com urgência. O uso de antibióticos para a profilaxia da doença só pode ocorrer com recomendação médica. 

O refluxo vesicouretral grave ocorre quando o retorno urinário também acompanha a pressão renal alta. Esses casos possuem risco altíssimo de infecções urinárias e até de danos aos rins. Por isso, o paciente pode precisar de cirurgia para resolução do quadro.

Principais sintomas do refluxo vesicoureteral

Existem casos completamente assintomáticos que só são percebidos através de exames de rotina. Em outras situações, o sintoma mais comum do refluxo são as infecções urinárias recorrentes. Outros sintomas que podem indicar a doença incluem: 

• Diarreia;
• Falta de apetite;
• Irritabilidade;
• Xixi na cama;
• Perda de controle do intestino;
• Pressão alta.

Os sintomas variam bastante de acordo com a gravidade da doença e a idade do paciente. Crianças mais novas geralmente apresentam mais irritabilidade, falta de apetite e diarreia. Porém, outros sinais são difíceis de notar nas faixas etárias mais novas. 

Já as mais velhas podem reclamar da vontade frequente de urinar ou perceber xixi na cama. 

Fatores de risco para o surgimento da doença

A doença geralmente é identificada em crianças ainda muito novas. Frequentemente o diagnóstico é feito em bebês ou em pacientes menores de 5 anos. Existem possibilidades de que a deficiência seja hereditária. Por isso, filhos de pais que sofreram de refluxo possuem maiores chances de tê-lo. Irmãos mais novos de uma criança com o problema também precisam realizar o exame. 

No grupo de recém-nascidos o risco maior é em bebês meninos. Portanto, merecem maior atenção do médico para realizar o diagnóstico. Após o primeiro mês de vida a maior parte dos casos passa a ser nas meninas. 

Como ocorre o diagnóstico pelo urologista infantil

Não é preciso desesperar-se ao primeiro sinal de uma infecção urinária, mas é necessário procurar um especialista. Cerca de 1 em cada 100 crianças que possuem infecções recebem o diagnóstico de refluxo vesicoureteral.

Após identificar a suspeita o médico pode usar os seguintes exames para confirmar o quadro e diagnosticar o grau da doença: 

• Ultrassom renal; 
• Cistografia radioisotópica;
• Uretrocistografia miccional; 
• Cintilografia renal com DMSA. 

Os exames que utilizam contraste radioativo são recomendados para crianças maiores. Bebês e pacientes muito novos devem realizar exames menos invasivos a não ser que seja extremamente necessário para o diagnóstico. 

Como ocorre o tratamento com o urologista infantil 

Assim como os sintomas, o tratamento varia bastante de acordo com o grau identificado da patologia, seus sintomas e idade do paciente. Existem duas possibilidades de tratamento: o clínico e o cirúrgico. A decisão sempre será tomada considerando vantagens, desvantagens e a opinião dos pais e do urologista infantil a respeito do quadro. 

Tratamento clínico

É mais recomendado para quem possui um quadro assintomático ou que é considerado leve a moderado. O tratamento clínico ou conservador consiste em realizar o acompanhamento periódico da criança com o urologista além de uso de medicações. 

Caso ocorra infecção urinária ou outros problemas é possível utilizar antibióticos no tratamento. O uso pode ser recomendado em pequenas doses que se estendem por longos períodos. É importante que pais fiquem atentos para não interromper o antibiótico antes do momento recomendado. Se isso acontecer as infecções podem retornar. 

Em até 80% dos casos leves o paciente passa por cura espontânea ao longo dos próximos meses ou anos. A observação é possível até os 5 anos de idade. 

Tratamento cirúrgico

Em geral, a cirurgia é recomendada pelo urologista infantil em pacientes diagnosticados com refluxo vesicoureteral leve com complicações e nos moderados e graves. Nesses casos o paciente também precisa dos antibióticos para combater a infecção urinária ou evitá-la, assim como passar por procedimento cirúrgico para a reconstrução do sistema de válvulas do ureter.