Postectomia em crianças: como é feita e os cuidados pós-operatórios

menino com cara assustada ao ouvir sobre postectomia, a cirurgia de fimose

Mais conhecida como cirurgia de fimose, a postectomia é um procedimento muito comum na urologia pediátrica. Seu principal objetivo é retirar o excesso de pele que causa o problema. Geralmente a cirurgia é feita pelo cirurgião pediatra entre os 2 e 4 anos de idade, podendo ser realizada antes também, caso existam complicações ou risco de infecção.

Quer saber mais sobre essa cirurgia, quando deve ser realizada, riscos e vantagens? Continue lendo. 

O que é fimose?

Primeiramente vale a pena lembrar que nem todo “excesso de pele” no pênis caracteriza uma fimose. Esse é o prepúcio, uma pele que recobre a glande e realiza sua proteção. Na maior parte das casos essa pele é fisiológica. Ou seja, não precisa ser retirada por motivos de saúde.

A fimose só acontece quando existe um estreitamento do prepúcio que impede a exposição da glande. Em crianças muito novas isso é comum e deve desaparecer com a idade. 

Muitos casos não exigem intervenção cirúrgica do cirurgião pediatra, pois tratam-se apensar de aderências do prepúcio à glande – acolamento balano prepucial – No entanto, ainda é importante realizar o acompanhamento com o urologista pediátrico. Caso o urologista infantil veja necessidade, é possível realizar a cirurgia de fimose para corrigir o problema. 

Quando a fimose precisa de postectomia?

Inicialmente o urologista infantil tende a dar preferência ao acompanhamento e tratamentos conservadores que são aplicáveis em caso de acolamento. A cirurgia com o cirurgião pediatra só é indicada se o quadro não tiver resolução do acolamento com exercícios e pomada. As características de cada grau da fimose também podem influenciar na escolha desse procedimento como método de tratamento, como você verá a seguir. 

Graus da fimose

A fimose é dividida em graus, cada um de acordo com seu nível de gravidade. Conforme o grau, o urologista infantil consegue definir se é melhor observar o paciente por mais algum tempo ou iniciar o tratamento.

  • Grau I: existe retração total da glande, mas algumas aderências próximas à base; 
  • Grau II: o prepúcio pode ser retraído somente parcialmente; 
  • Grau III: retração parcial, que permite somente ver o orifício urinário; 
  • Grau IV: leve retração do prepúcio; 
  • Grau V: não existe retração do prepúcio, considerado como o grau mais grave.

A cirurgia deve ser considerada em algumas situações. Primeiro, quando o acolamento não se resolve com tratamento clínico ou quando temos grau de fimose que impede a higiene, causando infecções urinárias, coceira e desconforto com frequência.

Por último, o urologista infantil pode recomendar a cirurgia de fimose quando existe o estrangulamento da glande. Nesses casos a pele do prepúcio não permite a exposição da glande e, se for forçada, pode começar a estrangular o pênis. Considera-se esse como um quadro de emergência, que precisa de cirurgia rapidamente para evitar danos permanentes.

Postectomia por motivos culturais ou religiosos

Algumas culturas e crenças religiosas também realizam a cirurgia com o cirurgião pediatra por tradição, mesmo que não exista indicativo de fimose patológica. Quando a intenção dos pais é fazer o procedimento por motivos culturais é importante debater todos os prós e contras com o urologista infantil para tomar a melhor decisão.

menino triste porque precisa fazer postectomia, a cirurgia de fimose

Como ocorre a postectomia?

Existem algumas formas de realizar a cirurgia. É possível utilizá-la para remover a pele que recobre o a glande junto ao estreitamento do prepúcio ou apenas para descolar as aderências e tratar o freio peniano. 

O procedimento é feito sob anestesia geral. O cirurgião pediatra, então, realiza uma incisão no prepúcio. O freio peniano, geralmente curto, também tem que ser tratado. Após isso, o cirurgião faz a limpeza local. O excesso de pele é removido de forma que a glande possa ser completamente exposta, facilitando sua higiene. 

Após finalizar o corte, o prepúcio é suturado e o cirurgião reconstrói o freio peniano para dar sua continuidade. É um procedimento de pequeno porte e com altas taxas de sucesso no tratamento da fimose. 

Riscos e complicações da postectomia

Com os métodos modernos utilizados, a cirurgia de fimose tornou-se bastante segura. É claro que isso não a deixa livre de riscos, assim como ocorre com qualquer outro tratamento invasivo. Complicações e riscos podem surgir tanto durante quanto depois da operação. 

Uma das complicações mais comuns é a hemorragia, que geralmente ocorre na região do freio peniano. No entanto, o problema pode ser controlado pelo médico cirurgião e raramente chega a causar danos mais extensos. 

Outras complicações bem mais raras são assimetria peniana ou outras alterações estéticas do pênis que precisam de cirurgia posterior para serem corrigidas. Também é possível que ocorra a retirada excessiva ou insuficiente do prepúcio, que não corrija completamente a fimose. 

No pós-operatório a complicação mais corriqueira é a inflamação. Ela ocorre por causa de cuidados inadequados com o local da cirurgia, especialmente com a higiene. Quando isso acontece é importante visitar um urologista pediátrico para realizar o tratamento. Em geral, o mais recomendado é usar pomadas anti-inflamatórias no local, além de higienizá-lo muito bem para evitar o retorno do problema. 

Pós-operatório da cirurgia de fimose

Como já mencionamos, a cirurgia é rápida. Portanto, seu pós-operatório costuma ser igualmente simples e sem maiores preocupações. O paciente costuma não ficar internado e logo após a recuperação anestésica pode ir para casa. Em casos de bebês ou crianças muito novas recomenda-se realizar um pernoite para permitir melhor observação por parte da equipe médica. 

É comum que o paciente sinta uma leve dor no local operado pelo cirurgião pediatra durante os primeiros dias. No entanto, ela é facilmente controlada com o uso de analgésicos orais que são recomendados pelo próprio cirurgião. Pomadas também ajudam no alívio. Mas é importante lembrar que nenhum desses medicamentos devem ser administrados à criança sem recomendação médica. 

Caso exista alto risco de infecção também será necessário aplicar pomadas antibióticas no local da operação. Se o paciente tiver febre, dores muito fortes, inchaço ou vermelhidão no local o urologista infantil deve ser consultado rapidamente. 

A cicatrização costuma demorar cerca de 7 dias e o paciente pode retomar as atividades de rotina dentro de 10 a 15 dias. 

Vantagens de realizar a postectomia

Existem certos benefícios para a saúde masculina trazidos pela cirurgia de fimose. Mesmo assim, o consenso no meio médico é que ela só deve ser realizada quando existe risco iminente às estruturas do pênis. 

O principal benefício é a maior facilidade para realizar a higiene peniana. A cirurgia também elimina completamente o esmegma, uma secreção acumulada entre pele e glande. Portanto, os riscos de infecção urinária diminuem razoavelmente, assim como de infecção genital. 

Pacientes que passaram pelo procedimento também possuem menor risco de desenvolver câncer de pênis. A transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, como HPV e HIV, também diminui (o que não significa que ter feito a cirurgia elimina a necessidade do uso de preservativo). 

Ao contrário do que diz a crença popular, a cirurgia não provoca perda de sensibilidade ou “diminui” o tamanho do pênis. Contanto que bem realizado, os riscos de complicações são mínimos, trazendo diversos benefícios à saúde masculina.