Urologista pediátrico esclarece o que é válvula de uretra posterior e como tratar

mãe brincando com pés de bebê que tem válvula de uretra posterior e vai ao urologista pediátrico

A válvula de uretra posterior, ou VUP, é uma malformação congênita caracterizada por uma membrana que se localiza na parte posterior da uretra. A doença é a causa mais habitual de obstrução uretral em bebês e crianças. Neste artigo, você vai conferir mais detalhes sobre em que consiste a válvula da uretra posterior, como se dá o diagnóstico, quais são os tratamentos disponíveis e quando procurar ajuda do urologista pediátrico.

Informações sobre a válvula da uretra posterior

A doença ocorre desde o desenvolvimento intra-uterino, por volta da quarta semana de gestação. Isto acontece porque as membranas que se formam na uretra dos fetos do sexo masculino deveriam involuir em determinado tempo, porém, não o fazem.

A doença, que é uma anomalia congênita, deve ser diagnosticada por um urologista pediátrico. Ela afeta apenas meninos e possui diversos graus de severidade. A frequência média de casos da doença é de 1 a cada 5 mil ou 8 mil nascidos vivos.

Existem tipos diferentes de VUPs?

Sim, elas são classificadas em tipo I (95% dos casos), Pregas mucosas que se estendem lateral e distalmente ao verumontanum, presas às paredes anterolaterais da uretra, funcionam com mecanismo valvar, tipo II, em que há hipertrofia de pregas coliculares do verumontano (que é um conjunto de fibras elásticas situadas no início do canal uretral) e tipo III, estenose congênita.

Quais as consequências da doença segundo o urologista pediátrico?

As válvulas da uretra posterior provocam uma obstrução da bexiga e isso pode gerar diversos tipos de problema decorrentes da dilatação da uretra bulbar e aumento de pressão do sistema urinário com danos irreversíveis à bexiga principalmente, ureteres e até aos rins. 

Em alguns casos, com o devido acompanhamento médico, diagnóstico precoce e intervenção adequada, pode não haver nenhum impacto significativo, no entanto, em situações mais graves, a doença pode gerar insuficiência renal.

Quais os sintomas da válvula de uretra posterior?

Ainda na vida intra-uterina, os principais sintomas são: 

  • Bexiga dilatada com frequência;
  • Paredes da bexiga espessadas;
  • Redução do líquido amniótico (em casos mais graves).

Após o nascimento, caso não identificada a VUP durante o pré-natal, os principais sintomas são:

  • Alterações do jato urinário;
  • Infecção urinária;
  • Frequência ou retenção urinária;
  • Massas nos flancos;
  • Septicemia;
  • Prejuízo do crescimento ou perda de peso;
  • Desidratação.
bebê deitado na cama rindo tem válvula de uretra posterior e precisa ir ao urologista pediátrico

Como se dá o diagnóstico da válvula de uretra posterior?

O diagnóstico pode ser feito de maneiras diferentes, a depender do momento em que forem identificados os sintomas. Geralmente ele acontece no período do pré-natal e é realizado através da ultrassonografia obstétrica ou da ressonância magnética fetal.

Esse último, apenas como uma alternativa à ultrassonografia, quando ela não puder ser realizada, por posição fetal de difícil visualização, por exemplo. Nesse caso, o urologista infantil irá pedir o exame mais adequado. 

Já no período pós-natal, isto é, após o nascimento da criança, o médico urologista irá solicitar uma uretrocistografia miccional ou UCM, em que será injetado um líquido de contraste na uretra do bebê. Durante o exame da uretrocistografia, imagens serão coletadas para visualizar a bexiga.

O UCM é um exame mais detalhado e mais usado para o diagnóstico no período pós-natal, no entanto, também pode ser utilizado o exame de cistoscopia para tal. Nesse, insere-se uma câmera bem pequena na uretra onde poderá ser visualizada a válvula de uretra posterior. 

Qual o médico indicado para tratar a doença?

O sistema urinário compõe-se dos seguintes órgãos: uretra, rins, ureteres e bexiga. A função do trato urinário é manter um equilíbrio interno do organismo através do filtro do sangue, promovendo a eliminação de toxinas.

Quando o sistema urinário apresenta problemas na idade pré-natal e infantil, o urologista pediátrico é o profissional de medicina responsável por diagnosticar e tratar tais doenças. Os principais problemas do trato urinário em crianças são: fimose infantil; infecção urinária; refluxo vesicoureteral; entre outros.

No caso da VUP, recomenda-se que a abordagem médica seja realizada durante o pré-natal, bem como após o nascimento da criança, por uma equipe multidisciplinar que conte com pediatras, urologistas pediátricos, dentre outros especialistas.

Quando procurar a ajuda do urologista pediátrico?

O melhor momento de identificar a VUP e iniciar o processo de tratamento é durante o pré-natal. Dessa maneira, é imprescindível que gestantes e sua rede de apoio atuem com atenção para com todos os procedimentos de cuidados na gestação.

Isso inclui a realização de ultrassonografia obstétrica ou de ressonância magnética fetal, ou seja, os procedimentos que evidenciam a necessidade de investigação da doença. Entretanto, caso a VUP não tenha sido diagnosticada nesse momento, a atenção ficará à apresentação de sintomas no bebê ou na criança. 

Quais são os tratamentos disponíveis com o urologista pediátrico?

Identificada a VUP durante o pré-natal, existe a possibilidade de realizar uma intervenção antenatal, ou seja, ainda antes do nascimento. Ela é sugerida mediante alguns requisitos clínicos básicos, como a análise do volume do líquido amniótico, assim como a função renal do feto. Entretanto, existem taxas consideráveis de mortalidade ao realizar este procedimento, o que o torna menos indicado.   

Em seguida, assim que o bebê nasce com VUP, há chances de que se apresentem sintomas como desidratação, infecção ou dificuldade respiratória, por exemplo. Por isso, nesse momento a prioridade é a de estabilização do neonato. Em seguida, deve ser planejado o tratamento definitivo.

Uma das opções de tratamento definitivo consiste na chamada ablação endoscópica primária, que é uma cirurgia minimamente invasiva. O objetivo desse procedimento é o alívio da obstrução e, para tanto, irá, primeiramente, dilatar a uretra de leve para alojar o instrumento médico e, em seguida, cauterizar com laser. 

O pós-operatório varia entre dias e semanas e é possível que o paciente necessite de nova intervenção cirúrgica, ainda que essa seja a minoria dos casos.

Outro procedimento existente é a vesicostomia, que possui a vantagem de aliviar a pressão no trato urinário. Entretanto, ela apenas é utilizada em casos muito específicos e na maioria urgentes e serve como ponte para o tratamento definitivo com ablação a laser quando o bebê tiver peso adequado para o procedimento e estabilidade clínica necessária. 

Para além das intervenções cirúrgicas mencionadas, que visam lidar diretamente com o problema, algumas abordagens secundárias podem ser tomadas pelo urologista pediátrico para tratar sintomas ou promover maior qualidade de vida ao paciente.

A administração de remédios junto com o tratamento cirúrgico é essencial, em pacientes com lesão grave da bexiga pode-se chegar a ser necessário realizar ampliação vesical, onde se amplia a bexiga usando-se o intestino, uma cirurgia grande, reservada para casos graves. 

Dessa maneira, com todas essas informações, a prioridade está em um acompanhamento diligente durante o pré-natal, de maneira que o diagnóstico e o planejamento de tratamento sejam realizados com maior eficácia.