O que é hipospádia e como é a cirurgia com o cirurgião pediatra

bebê sorrindo precisando ir ao cirurgiao pediatra tratar hipospadia - Dr. Rafael Rocha urologista pediátrico e cirurgião infantil

A hipospádia é uma das deformidades do sistema urinário masculino mais comuns e pode ser diagnosticada ainda nos primeiros meses de vida. Quer entender exatamente o que é a patologia, suas causas, consequências e tratamentos? Continue lendo para entender a explicação do cirurgião pediatra. 

O que é hipospádia de acordo com cirurgião pediatra

Pacientes com a anomalia possuem um defeito congênito. Portanto, o problema já existe no momento do nascimento e muitas vezes é diagnosticado ainda nas primeiras consultas com um urologista pediátrico. A anomalia é bastante recorrente, estando presente em 3 a 5 de cada 1.000 nascimentos. 

De forma resumida, a doença ocorre quando o “o furo por onde sai o xixi”, conhecida clinicamente como meato uretral, encontra-se em local inapropriado. Em casos assim a uretra encontra-se incompleta, fazendo com que a abertura fique antes da glande do pênis. 

Em crianças mais velhas o problema prejudica o ato de urinar, forçando meninos a fazê-lo sentados. Caso não seja corrigido no período recomendado pode causar problemas de ereção e prejudicar seriamente a vida sexual do paciente, além da autoestima, especialmente em casos mais graves.

Como surge a hipospádia

Ainda não se sabe qual é a causa exata da deformidade. No entanto, estima-se que a doença esteja bastante relacionada com o histórico familiar. Portanto, crianças com pais ou irmãos que possuíram o problema têm maiores probabilidades de serem diagnosticadas com ele.

Outros fatores têm potencial de estarem associados ao surgimento da deformação. Em especial, diferenças hormonais que estão relacionadas ao desenvolvimento dos genitais masculinos. Mães com idade superior a 35 anos ou que foram expostas a certos tipos de substâncias químicas durante a gravidez também têm maior risco de ter filhos com a anomalia. 

No entanto, é importante lembrar que somente esses fatores não definem se uma criança terá o problema Só é possível confirmar o diagnóstico com um urologista pediátrico após o nascimento. 

Sintomas 

É muito comum que pais não percebam imediatamente a diferença na posição do meato. Na maioria dos meninos o sintoma mais perceptível é um prepúcio que não cobre uniformemente toda a glande. Também é possível que o paciente apresente: 

  • Pênis com curvatura para baixo; 
  • Prepúcio formando um “capuz” no pênis; 
  • Pulverização anormal de urina na micção. 

Ao identificar qualquer um desses sintomas recomenda-se que pais procurem o auxílio de um urologista pediatra. Só o especialista consegue determinar se realmente trata-se de um caso de hipospádia e encontrar patologias associadas.

bebê engatinhando e sorrindo precisa ir ao cirurgião pediatra para tratar hipospádia

Diagnóstico pelo cirurgião pediatra

Uma das formas mais comuns de diagnóstico ocorre no exame físico do recém-nascido. Ainda na sala de parto, o pediatra avalia as condições físicas gerais do bebê e frequentemente encontra indícios do problema. Caso ele não seja identificado nesse momento será percebido pelo urologista nos meses seguintes. 

Geralmente o diagnóstico não pode ser feito no ultrassom pré-natal. Mesmo que seja feito, não é possível determinar o melhor tratamento antes do nascimento. O médico precisa avaliar o bebê fisicamente após nascido e talvez recomendar a realização de novos exames. 

Por último, existem alguns quadros leves que demoram mais a serem diagnosticados. Eles só chegam a ser percebidos quando o menino precisa fazer a cirurgia de postectomia, mais conhecida como cirurgia de fimose, quando é possível avaliar o penis que até então está coberto pelo prepúcio.

Tipos de hipospádia

A doença é classificada de acordo com a localização do meato urinário. Confira: 

  • Perineal: tipo mais raro e grave. Ocorre quando o meato está localizado próximo ao ânus. A deformidade também causa crescimento mais restrito do pênis; 
  • Proximal: abertura fica próxima ao escroto do paciente; 
  • Peniana: o orifício urinário ocorre ao longo do corpo do pênis; 
  • Distal: abertura fica próxima à cabeça (glande) do pênis. 

Considera-se que quanto mais próximo o meato urinário estiver da glande menos grave é o quadro. Quando mais próximo estiver da bolsa testicular, mais grave, causando também maior incidência de infecções urinárias. Na forma perineal e proximal da doença as chances de que exista uma patologia associada, como criptorquidia, também é maior. 

Tratamento da hipospádia

A urgência do tratamento depende bastante do tipo de doença encontrado. No entanto, recomenda-se que a cirurgia seja feita durante os dois primeiros anos de idade. Em quadros menos graves o urologista pediátrico programará o tratamento em várias etapas, estendendo o tempo de tratamento. Entenda mais sobre como é realizada a cirurgia para tratar essa deformidade no próximo tópico. 

Tratamento com cirurgião pediatra

A cirurgia tem como objetivo reposicionar o meato urinário e corrigir a curvatura peniana. Na maioria dos casos a deformidade pode ser corrigida em uma única cirurgia. A partir dos 6 meses o urologista pediátrico começa a programar o tratamento, e até os dois anos é ideal que já seja concluído o tratamento. Quanto mais cedo, menor a chance de danos psicológicos à criança. 

A pele que recobre a glande do pênis que é retirada na cirurgia da postectomia, é utilizada neste caso para confeccionar as estruturas mal-formadas, os tecidos são redistribuídos e trabalhados para alcançar o aspecto anatômico e funcional habitual do pênis. 

Em casos mais graves, que necessitam de vários procedimentos, o intervalo entre uma cirurgia e outra deve ser de no mínimo 6 meses. 

Recomenda-se ainda que pais acompanhem de perto o tratamento. A cirurgia é muito delicada e o resultado final depende muito do cuidado dos pais nas primeiras semanas após a cirurgia. As orientações são dadas logo após a cirurgia no centro cirúrgico e em cada consulta de retorno.

Tratamento hormonal

Na hipospádia, em raros casos podem ser realizados tratamentos tópicos em gel e pomada visando acelerar o crescimento, principalmente da glande do pênis, para prepará-lo para a cirurgia. Existe muita controvérsia quanto a isso, já que ocorre também o aumento do risco de sangramento intraoperatório.

A indicação deve ser feita pelo urologista pediátrico em casos selecionados, e lembrando que não visa aumento do tamanho final do pênis, apenas a antecipação do crescimento de algumas estruturas pontualmente para viabilizar a cirurgia. 

A maior parte dos casos de pacientes que são submetidos à cirurgia possuem ótima recuperação. Os resultados também tendem a ser positivos, com boa parte conseguindo um pênis com aparência e funcionalidade normal na idade adulta.

Bebê rizonho com hipospádia - site Dr. Rafael Rocha cirurgião pediatra e urologista infantil

O que ocorre durante a cirurgia de hipospádia?

Durante a cirurgia de hipospádia, primeiramente, o cirurgião pediatra deve corrigir a curvatura do pênis. Porque pacientes com a patologia sofrem com curvatura anormal do pênis ou prepúcio que não cobre completamente o órgão. Em casos mais raros o pênis pode possuir aparência normal e somente o meato estar em localização incorreta. Depois dessa etapa o cirurgião pediatra deve utilizar o excesso de prepúcio para reconstruir a uretra, inserindo a uretra no local correto. O “capuchão” do pênis é utilizado para a cirurgia de reconstrução. Ao final, o pênis terá a mesma aparência de quando realiza-se uma cirurgia de fimose. Em casos mais raros de hipospádia perineal a pele do prepúcio pode não ser suficiente para a reconstrução. Nesses pacientes utiliza-se também tecido do interior da boca para finalizar o procedimento e conseguir um resultado satisfatório. 

Cuidados no pós-operatório 

Nos casos leves (Hipospádia distal) Apesar de ser submetida à anestesia geral, a criança recebe alta no mesmo dia em que for operada. Casos mais complexos deverão permanecer internados e sob observação médica durante alguns dias. Logo após o procedimento o urologista pediátrico coloca um curativo ao redor do pênis. Isso deve protegê-lo de infecções e inflamações causadas pelo contato com superfícies contaminadas. Os pais não devem trocá-lo durante os primeiros dias. A troca será realizada pelo cirurgião após 3 a 5 dias. 

Antigamente os curativos eram uma das maiores preocupações dos pais, que temiam o momento da retirada. No entanto, hoje em dia é comum usar os tipos de silicone absorvente, que não causa incômodo e facilita a retirada. Ao realizar a cirurgia o paciente precisa de um período de recuperação para a uretra. Por isso, insere-se uma sonda que fica presa entre duas fraldas nos bebês para permitir a micção. Apesar de ser um procedimento menos comum, em crianças mais velhas a sonda é fixada a uma fralda na coxa. Ela deve permanecer por cerca de 7 a 14 dias. Além dos cuidados com a sonda e curativos, crianças recebem medicamentos antibióticos e analgésicos para alívio da dor. 

Por que o tratamento é importante

O tratamento cirúrgico da malformação tem evoluído significativamente nos últimos anos. Por isso, as taxas de sucesso são altas e, quando realizado cedo, o procedimento não é traumático para o bebê. Em geral, urologistas pediátricos recomendam que a operação seja realizada entre os 6 e 12 meses de idade. Quando realizada neste período, a cirurgia é simples, rápida e de fácil recuperação para os pais. Além disso, o pequeno não se lembrará do procedimento ou sofrerá com qualquer tipo de trauma. Durante essa idade os cuidados pós-operatórios também ficam mais simples, diminuindo as chances de infecção e lesões. Isso não significa que crianças mais velhas não possam ser operadas. O procedimento também é eficiente e mostra altas taxas de sucesso e boa recuperação. 

Complicações da hipospádia

Casos de hipospádia com posicionamento incorreto do meato no pênis devem ser tratados ainda nos primeiros anos de vida para garantir o bom desenvolvimento da criança. Quando isso não acontece o paciente pode sofrer com uma série de problemas ao longo da puberdade e vida adulta, como: 

Aparência anormal do pênis; 

Dificuldade para urinar; 

Curvatura anormal do pênis durante a ereção; 

Problemas com ejaculação. 

As complicações decorrentes das alterações ao longo da vida prejudicam todo o desenvolvimento masculino. Alguns podem desenvolver problemas de autoestima e confiança que precisam, inclusive, de acompanhamento psicológico.

Bebê com hipospádia usando capuz marrom - site Dr. Rafaelo Rocha cirurgião pediatra e urologista infantil

Perguntas comuns sobre hipospádia

Pais frequentemente têm medo do diagnóstico de hipospádia. É importante lembrar que essa patologia é uma malformação bastante comum em bebês e que pode até ser diagnosticada durante o pré-natal. Graças a isso, a taxa de sucesso das operações é alta e as complicações são mínimas. 

Separamos as perguntas mais comuns em consultórios de urologista infantil para solucionar mais algumas dúvidas: 

1. A doença é genética? 

Existe sim uma relação entre a deformidade e a herança genética, porém ela não é tão alta. A cada 100 crianças com o problema, 7 têm pais que tiveram a mesma condição na infância. Para o segundo filho a chance de desenvolvimento é um pouco maior, saltando para 12 a cada 100. O quadro é significativamente mais provável quando tanto o pai quanto o primeiro filho foram diagnosticados com a condição. Nesse caso, as chances de que o segundo bebê a tenha são de 21%. 

2. Hipospádia distal precisa de tratamento? 

A hipospádia distal é considerada como leve e alguns pais se perguntam se realmente devem submeter seu filho a um procedimento cirúrgico. Para urologistas pediátricos é muito difícil prever se um grau mais leve do problema gerará consequências futuras. Muitos meninos sofrem no futuro com curvaturas anormais do pênis ou dificuldades para urinar, mesmo que o meato esteja quase na posição normal. Além disso, estudos sugerem que pacientes que não passaram pela operação tendem a ter baixa autoestima. A maioria dos urologistas pediátricos sugere realizar o tratamento cirúrgico para boa parte dos casos. Mesmo assim, as análises são feitas caso a caso, de acordo com as preocupações dos pais. 

3. Qual é a anestesia usada no procedimento cirúrgico? 

As cirurgias para correção do problema sempre são realizadas sob anestesia geral. Alguns cirurgiões também aplicam anestesias locais ao redor do pênis para reduzir o desconforto quando a criança acorda. Quando o procedimento é realizado com um especialista em cirurgia pediátrica o uso da anestesia é bastante seguro. 

4. É possível que uma criança precise de mais de uma cirurgia? 

Sim. Casos mais graves de hipospádia algumas vezes precisam de diversas cirurgias para correção. Mesmo que o problema não seja completamente corrigido inicialmente, as chances de conseguir uma solução com procedimentos posteriores são altas. 

5. Existem complicações após a cirurgia? 

As complicações são pouco frequentes, mas possíveis. O paciente pode desenvolver um tipo de ferida, chamada de fístula, entre a pele do pênis e o trato urinário. Isso causa “vazamentos” de urina, desconforto e pequeno fluxo de urina. Caso os pais percebam esse tipo de problema é essencial voltar ao urologista pediátrico para realizar a correção.