A hérnia tem como principal sinal uma protuberância que surge na região da virilha, chamada de hérnia inguinal, ou na região umbilical, sendo esta mais frequentemente. Isso acontece porque um órgão ou tecido passa por um defeito na musculatura logo abaixo da pele.
O que são hérnias?
Quando os músculos abdominais e suas camadas de sustentação estão em condições normais, eles impedem que tecidos e órgãos se desloquem tomando uma posição imprópria.
Há casos que, por persistência de alguns trajetos que deveriam ser fechados ainda no desenvolvimento fetal ou que não se fecham no desenvolvimento da criança, são chamados de hérnias congênitas.
Hérnia inguinal
Esse tipo de hérnia é incidente entre 1% a 4% dos recém-nascidos e em até 30% em bebês prematuros, em especial em bebês do sexo masculino.
Sintomas da hérnia inguinal em crianças
Os sintomas que podem ser percebidos em crianças com suspeita de hérnia inguinal são o inchaço na virilha ou uma protuberância indolor ou dolorosa. Em meninos, o inchaço pode ser notado no escroto. Geralmente essa protuberância é variável e some por algum período, porém pode haver encarceramento e o conteúdo da hérnia ficar preso no defeito. Em situações como essa, é fundamental que os pais ou responsáveis estejam atentos e procurem atendimento com um cirurgião pediátrico imediatamente.
Quais as possíveis complicações da hérnia inguinal?
Pode acontecer de uma parte do intestino ficar presa, esse quadro clínico é chamado de encarceramento. Com isso, a saliência torna-se firme, inchada e dolorosa. Caso o intestino fique preso, o fornecimento de sangue pode ser cortado, levando à falência da parte do intestino que sofreu estrangulamento no prazo de algumas horas, portanto esse quadro clínico representa uma emergência, sendo necessária a ida imediata a um hospital e consulta com um cirurgião pediatra.
Hérnia inguinal em meninas
No caso das meninas, a hérnia inguinal pode ter como conteúdo uma parte da trompa de Falópio (canal que liga útero e ovários) ou o próprio ovário.
Hérnia umbilical em crianças
A hérnia umbilical é uma das doenças mais comuns na infância. Seu surgimento é proveniente do não fechamento do orifício por onde os vasos sanguíneos do cordão umbilical entram.
Geralmente sua origem é congênita e a hérnia umbilical tende a desaparecer de forma espontânea até os 2 anos de idade e, em grande parte dos casos, não são apresentados sintomas, além, é claro, da protuberância que os pais ou responsáveis podem observar no umbigo quando a criança faz força, tosse ou chora.
Sintomas de hérnia umbilical
Crianças com hérnias umbilicais costumam apresentar protuberâncias no umbigo, que podem variar entre o tamanho de um pequeno grão de feijão ao de uma pequena ameixa. Essas hérnias não são dolorosas e podem ser vistas quando a criança chora ou realiza algum esforço.
Como a hérnia inguinal e a umbilical são diagnosticadas?
Em grande parte dos casos, a hérnia inguinal e a umbilical são diagnosticadas durante o exame físico realizado pelo cirurgião pediatra. O cirurgião pediatra examina a região umbilical, inguinal e inguinoescrotal para a detecção de possíveis hérnias presentes, descartando a necessidade de realização de outros exames.
Quando há dúvida por parte do cirurgião pediatra ou quando a suspeita permanece mesmo com o resultado negativo para o exame físico, pode ser solicitada uma ultrassonografia da região inguinal para auxiliar no diagnóstico.
Como tratar hérnia inguinal e umbilical na infância?
Os tratamentos para hérnia inguinal e umbilical divergem. No caso das hérnias inguinais, como ficam encarceradas, os médicos aconselham que haja um reparo cirúrgico logo após o diagnóstico independente da idade do paciente.
Antes do procedimento, o cirurgião ou pediatra pode tentar manualmente empurrar o intestino de volta no lugar, procedimento conhecido como redução manual. Mas caso haja estrangulamento ou encarceramento da hérnia, a cirurgia é feita imediatamente.
Já a cirurgia para o tratamento de hérnia umbilical só é indicada pelo cirurgião pediátrico quando o problema não desaparece de maneira espontânea até os 2 anos de idade ou quando o defeito na parede abdominal atinge mais de 2 cm de diâmetro.
Para a realização do procedimento não há necessidade de preparo prévio, porém a cirurgia é contraindicada para crianças que não apresentam um bom estado clínico, exceto em casos de emergência.
Recuperação pós-operatória de hérnia inguinal e umbilical
A recuperação após as cirurgias de hérnia inguinal e umbilical vai depender da idade do paciente, até mesmo da idade gestacional.
Bebês prematuros devem permanecer em internação por 24 horas após a realização da cirurgia. Bebês nascidos após as 37 semanas geralmente podem voltar aos seus lares no mesmo dia, conforme avaliação do cirurgião pediatra.
Crianças de colo tendem a se recuperar de forma mais tranquila em relação às outras crianças que já sabem caminhar e correr, pois os bebês de colo não precisam evitar as atividades de impacto durante o processo pós-cirúrgico. Já as crianças que estão em fase escolar, por exemplo, necessitam de um afastamento das brincadeiras com impacto e de aulas de educação física, por, no mínimo, 30 dias.
A incisão feita durante o procedimento cirúrgico tem cerca de 2 a 3 centímetros, sendo fechada com sutura com fio absorvível, dispensando o retorno ao cirurgião pediátrico para retirar pontos. Geralmente a criança retorna para casa com um pequeno curativo e pais ou responsáveis podem retirá-lo após 3 dias de alta hospitalar, preferencialmente durante o banho. A cicatriz do procedimento é praticamente imperceptível.
Ambos os casos de hérnia inguinal e umbilical necessitam da avaliação e do diagnóstico final de um cirurgião pediátrico. Ao notar a presença de saliência na virilha ou umbigo da criança, é essencial que o cirurgião pediatra analise a criança e que todas as dúvidas sejam sanadas.
Quando há prevenção e diagnóstico precoce, a criança é beneficiada com mais qualidade de vida.