Acolher a criança ao nascer e ao mesmo tempo vivenciar novos desafios é algo difícil, principalmente quando envolve casos cirúrgicos, e no caso da hipospádia distal, suas preocupações com certeza envolvem o preparo do seu filho para a vida adulta.
O que é a hipospádia distal?
A hipospádia distal é uma malformação congênita, ou seja, a criança já nasce com ela, podendo ocorrer de 3 a 5 casos a cada 1.000 nascimentos. Caracteriza-se pela abertura anormal do canal por onde sai a urina (meato urinário), podendo estar localizada em diferentes locais da parte de baixo do pênis (face ventral). Em grande parte dos casos, pode estar acompanhada de encurvamento peniano e por uma alteração da pele (prepúcio) que recobre a glande (cabeça do pênis), fazendo com que o prepúcio passe a ter o formato de um capuz. Os pais podem ficar tranquilos pois não há motivos para desespero, já que o problema tem cura e não causa grandes complicações de imediato. Porém deve ser corrigido até os 2 anos de idade, para garantir que não haja problemas durante a micção, como também na vida sexual do indivíduo no futuro.
O que causa a hipospádia distal?
As causas da hipospádia distal não estão completamente esclarecidas pela medicina, mas sabe-se que há diversos fatores que podem contribuir para o aparecimento do problema, entre eles:
- Fator hormonal: como exemplo, a deficiência da enzima “5-alfa-redutase”;
- Histórico familiar: o histórico familiar pode exercer influência para determinar se o bebê terá algum tipo de alteração no funcionamento do trato urinário ou do órgão genital;
- Fatores ambientais: vários estudos epidemiológicos sugerem que disruptores endócrinos (DE), como fitoestrógenos, pesticidas e poluentes ambientais possam relacionar-se com hipospádia pelos seus efeitos pró-estrogênicos e anti-androgênicos.
Outros possíveis fatores de risco podem ser: idade materna avançada; pré-eclâmpsia; hipertensão durante a gravidez e insuficiência placentária.
Quais são os possíveis sintomas?
Os sintomas podem variar de acordo com o tipo que se apresenta no órgão genital da criança. Em geral podemos citar:
- Excesso de pele na ponta do pênis (região do prepúcio);
- Ausência da abertura da uretra na cabeça do pênis;
- Genital em forma de anzol quando ocorre a ereção;
- Urina com jato não direcionado para frente, sendo necessário que o menino urine sentado.
É comum que o problema seja identificado ainda na maternidade, porém há casos que passam despercebidos. Caso a criança apresente algum destes sintomas, recomenda-se a consulta ao pediatra para que seja feito o diagnóstico e tratamento adequados. Interessante acrescentar que o problema pode ocorrer também em meninas, porém são casos extremamente raros, que comprometem apenas um a cada 500 mil bebês, sendo uma condição muito distinta. Se sua filha nasceu com essa malformação é recomendado que busque o acompanhamento com um urologista infantil garantindo uma fonte de informação confiável.
Como é realizado o tratamento de hipospádia distal?
Quando a criança apresenta formas leves de hipospádia distal, nenhum tratamento é necessário. Porém, em casos mais complicados, o tratamento é feito com um cirurgião pediatra. Em grande parte dos casos o tratamento cirúrgico é feito em uma única cirurgia, com período de hospitalização breve, e em alguns casos selecionados, há necessidade de tratamento hormonal pré-operatório. Nos casos cirúrgicos, a equipe médica promove uma explicação bem clara para a família e também para o paciente, caso tenha mais de 2 anos, porém o ideal é que a cirurgia seja feita antes dos dois anos, diminuindo o risco de traumas emocionais. Na cirurgia é criado um caminho novo para que a urina saia pela ponta do pênis, da forma correta. É feita também a plástica peniana, buscando deixar o órgão genital da criança da forma mais semelhante possível ao de um pênis em que foi realizada a correção da fimose.
Mesmo que haja fatores religiosos é recomendado evitar fazer postectomia (circuncisão) antes da cirurgia, já que pode ser necessário utilizar a pele do prepúcio para fazer a reconstrução do pênis do bebê. Após ser feita toda a correção, o trajeto natural do jato de urina é restabelecido. Existem hoje várias técnicas cirúrgicas para a correção do problema em suas várias formas, porém somente o urologista infantil poderá definir qual a técnica mais adequada e o momento certo para a realização do processo cirúrgico.
Os pais podem assistir a cirurgia?
Em crianças entre 6 a 12 meses de idade é importante que um dos familiares permaneça ao seu lado até que ele durma, para que o paciente se sinta confiante. Durante o ato cirúrgico, no entanto, não é permitida a permanência de familiares, já que pode colaborar para o aumento de riscos de infecção, além de gerar transtornos na rotina da sala cirúrgica. No quarto, se necessária a internação hospitalar, os pais devem permanecer com o filho, e ele pode receber visitas dos parentes e amigos.
Como funciona o processo pós-cirúrgico?
Após realizada a cirurgia, a criança poderá ficar internada entre 2 a 3 dias. Passado esse período a criança, então, é liberada para voltar para casa e fazer suas atividades normais. Porém vale a pena destacar que durante as 3 semanas seguintes os pais devem estar atentos a alguns sinais de infecção que possam surgir no local da cirurgia, podendo ser: inchaço; dor intensa ou vermelhidão. Em grande parte dos casos, as crianças que são submetidas à cirurgia de hipospádia distal apresentam uma boa recuperação, podendo ser possível observar a aparência normal do pênis e sua funcionalidade em um período médio de 6 meses após a cirurgia.
Qual a importância do tratamento para o seu filho?
O tratamento para essa malformação é fundamental, sendo que:
- Permite que a criança urine em pé;
- Contribui para a prevenção de futuros problemas psicológicos decorrentes da genitália malformada;
- Auxilia na melhor função sexual futuramente;
- Melhora a estética do pênis.
Caso tenhamos outros filhos, quais as possibilidades de eles nascerem com hipospádia?
Em casos onde já se tem um filho com hispospádia distal, a possibilidade de outros irmãos poderem apresentar o problema é até 30 vezes maior do que na população em geral.