O que é pieloplastia e como é o pós-operatório?

menino pensativo que fez pieloplastia - Dr. Rafael Rocha urologista pediatra e cirurgião infantil

Pieloplastia é o procedimento cirúrgico usado para tratar estreitamentos da junção pieloureteral. A pelve renal é a estrutura que recolhe a urina filtrada pelo rim. Na parte mais baixa da pelve renal ocorre uma espécie de afunilamento, que é denominada junção ureteropélvica (JUP), local onde há a ligação da pelve renal com o ureter. Em outras palavras, a pieloplastia é indicada quando acontecem alterações nessa ligação entre o ureter e o rim, o que pode ocasionar, após algum tempo, disfunção e, até mesmo, falência do órgão. 

Nessa situação é observado o estreitamento  da junção, o que pode causar a diminuição do fluxo urinário. Com o tempo, o paciente passa a ter a urina acumulada no rim e aumento da pressão dentro do órgão, comprometendo a sua função, e para seu tratamento é necessário realizar a remoção da estenose de JUP e, posteriormente, a reconstrução através de sutura.

Dessa forma, a cirurgia extrai a parte estreita e recupera a união do ureter com o rim, fundamental para preservar a função renal, proporcionando a cura do problema e trazendo mais saúde e qualidade de vida para a criança. A maioria dos casos que necessitam do procedimento são congênitos e diagnosticados na infância.

Qual a finalidade da pieloplastia

O objetivo da pieloplastia é recuperar essa ligação entre o ureter e o rim, repondo o curso normal da urina e reduzindo a ameaça de complicações renais. Assim, este procedimento cirúrgico é indicado quando a criança possui os sintomas característicos da disfunção, comprovada através de exames de imagem, como ultrassonografia abdominal e tomografia computadorizada, além de alterações em exames laboratoriais, como níveis de uréia, creatinina e clearance de creatinina. Contudo, existem alguns casos que se assemelham nos sintomas, como cálculos urinários, refluxo vesico ureteral ou estenose em outros segmentos do aparelho urinário. 

Quais as opções cirúrgicas para o tratamento

A cirurgia, feita pelo cirurgião pediátrico, pode ser feita por via aberta ou videolaparoscópica, sendo que esta última oferece os mesmos resultados positivos da técnica aberta, com as vantagens de recuperação mais rápida, internação mais curta e menor uso de analgésicos, sendo considerada, atualmente, a técnica mais adequada. Antes de ser realizada a operação, é recomendado um período de jejum de cerca de 8 horas, sendo consentido apenas a ingestão de líquidos, como água e água de coco. O uso de antibióticos é muito importante e deve ser administrado, preferencialmente, meia hora antes da aplicação da anestesia e mantido até a retirada do cateter duplo J que é instalado nas vias urinárias. 

Na cirurgia, a criança é posicionada deitada, lateralmente, com o lado a ser operado virado para cima. Normalmente, a anestesia é geral, acompanhada, em boa parte das vezes, por uma peridural.  Inicialmente, localiza-se a junção ureteropiélica e é feita a ressecção da parte estreitada, realiza-se depois plástica da pelve renal para obter uma dimensão mais adequada para o escoamento da urina e, enfim, a instalação do Cateter duplo j e sutura para unir novamente o ureter com a pele através de pontos.

ilustração de pieloplastia

O tipo de cirurgia depende da idade e do estado geral de saúde de cada um, podendo ser prescrito assim:

A cirurgia aberta é geralmente mais utilizada em bebês e crianças pequenas por ainda existir limitação para as técnicas minimamente invasivas. O cateter é retirado em um procedimento endoscópico após 1 a 2 meses da cirurgia em 20 minutos. 

Quais os riscos para a criança ao fazer a pieloplastia laparoscópica?

Qualquer cirurgia apresenta riscos e a pieloplastia também tem as suas ameaças. Segundo a literatura médica, fatores como infecção, hematomas, fístulas urinárias ou até mesmo infecção do trato urinário são causas comuns de complicações pós-operatórias. Todavia, com a vantagem de ser menos agressivo, o procedimento laparoscópico oferece melhor precisão cirúrgica por conta da imagem em vídeo, menor sangramento, tempo mais curto de internação hospitalar, redução da dor pós-operatória e melhores resultados estéticos. 

Como é a recuperação da pieloplastia?

A recuperação de qualquer cirurgia, por menor e mais simples que seja, requer certos cuidados e na pieloplastia também funciona desse jeito. O procedimento é de porte moderado exigindo que a criança fique de 1 a 2 dias no hospital para sua plena recuperação e para ser observado o possível desenvolvimento de algum problema pós-operatório.  Logo depois desse período, o paciente é liberado para ir para casa, onde deverá dar continuidade ao tratamento com o uso de antibióticos, prescritos pelo urologista infantil, para evitar o surgimento de infecções. 

O repouso deve ser realizado por 20 dias no que se refere a esportes e atividades físicas de impacto. O descanso e o relaxamento fazem parte da recuperação. Junto ao repouso, deve-se preservar a criança, fazendo com que ela evite maiores esforços, brincando, movimentando-se, por cerca de 10 dias. Imprescindível é essa precaução e zelo na recuperação da criança, seja de que idade for, para evitar choques, quedas ou impactos. Portanto, se a criança já estiver na idade de andar e correr, todo cuidado é pouco.

Recomenda-se no processo de reabilitação a ingestão regular de muito líquido.  Normalmente, a recuperação requer a atenção necessária como em qualquer outra operação, mas é relativamente simples, sendo apenas necessário que, após o período de restabelecimento estipulado pelo médico, os pais ou responsáveis marquem uma consulta de retorno. Após 2 meses da cirurgia, habitualmente, o cirurgião pediátrico pede que sejam realizados exames de imagem para observar se a cirurgia foi suficiente para corrigir a disfunção.

Durante o período de recuperação, se a criança apresentar febre alta, sangramento expressivo, dor na hora de fazer xixi ou vômitos, é importante procurar o cirurgião pediátrico que a operou, para que seja feita uma avaliação precisa do problema e possa ser recomendado outro tratamento mais adequado.