Alguns problemas na formação das áreas genitais masculinas podem gerar infertilidade e até complicações maiores no homem ao longo da vida. Esse é o caso da criptorquidia , problema comum que, em alguns quadros, exige o uso da cirurgia pediátrica para corrigir o defeito.
Quer entender exatamente o que é a doença, como ela surge, quais são os tratamentos disponíveis na urologia pediátrica e possíveis complicações? Continue lendo, explicaremos tudo a respeito.
O que é criptorquidia de acordo com a cirurgia pediátrica?
Segundo os especialistas em cirurgia pediátrica, a criptorquidia um problema que afeta cerca de 3% dos bebês nascidos no tempo adequado e 30% dos bebês prematuros. No entanto, em boa parte dos casos de nascimentos prematuros, o problema possui resolução espontânea. Ou seja, não precisa de tratamento cirúrgico, somente acompanhamento do especialista.
Quando o bebê do sexo masculino se desenvolve corretamente durante a gestação, os testículos ficam alojados dentro da bolsa testicular (saquinho). Entretanto, pode acontecer de um ou ambos os testículos não desceram para a bolsa testicular até o momento do nascimento. Para que ocorra a descida normal dos testículos, há a dependência do funcionamento correto da hipófise e níveis normais de diidrotestosterona. Casos de ocorrência da criptorquidia são comumente diagnosticados em pacientes com a síndrome de kallmann.
Em geral, os testículos se desenvolvem entre a 7ª e 8ª semana de gestação e permanecem na região abdominal durante boa parte do período de desenvolvimento do bebê. Na 28ª semana a ação de um hormônio inicia a migração dos testículos para o saco escrotal, pelo menos em crianças fisiologicamente normais.
Diversos fatores podem fazer com que os testículos não desçam no momento correto. Entre eles:
– Mudanças hormonais;
– Fatores ambientais;
– Fatores físicos.
Existem duas possibilidades: que o bebê desenvolva um verdadeiro testículo não descido ou um testículo ectópico. No primeiro caso ele permanece no canal inguinal ou cavidade abdominal, onde foi formado. No segundo, ele começa o processo migratório, mas percorre um caminho inadequado, parando em parte do canal inguinal ou até na lateral da coxa.
Como ocorre o diagnóstico
No momento do nascimento todos os meninos são submetidos à avaliação física para definir se o testículo realizou a transferência para a bolsa escrotal. Posteriormente o bebê deve permanecer com o acompanhamento do urologista infantil periodicamente para ver localização e crescimento do testículo. De acordo com a evolução do caso nos primeiros meses após o nascimento, será possível determinar se o paciente precisará de cirurgia pediátrica.
Para realizar o diagnóstico dessa má formação o bebê é submetido a um exame físico. O procedimento é simples e deve ser realizado por um urologista infantil com mãos aquecidas em ambiente, a uma temperatura agradável. O paciente precisa estar relaxado durante todo o procedimento para evitar a retração do testículo.
Alguns problemas associados à conduta na criptorquidia levam à necessidade de distinguir essa condição dos chamados testículos retráteis, tratando de maneira clínica em crianças com o uso do HCG ou de maneira cirúrgica. O exame permite distinguir o testículo não descido do testículo retrátil. Nesse segundo caso o testículo fica alojado na bolsa, mas, com alguns estímulos, migra para a raiz da bolsa escrotal, porém pode ser movimentado de volta à bolsa com facilidade. As chances de que esse quadro se resolva sem precisar de cirurgia são altas, mas só é possível definir a gravidade através da avaliação de um especialista.
Quando o urologista infantil identifica um testículo não palpável somente de um dos lados e o outro possui tamanho aumentado é possível que exista um caso de testículo atrófico. Ou seja, a estrutura não foi formada por algum motivo ou atrofiou por torção, por exemplo. Para confirmar é necessário realizar exames complementares, como laparoscopia ou ultrassonografia. Exames adicionais também são necessários em casos de testículos não palpáveis bilaterais. É possível que exista um distúrbio de diferenciação sexual que pode ser avaliado pelo especialista para recomendar o melhor tratamento.
Principais sintomas
O principal sinal da doença é realmente a ausência do testículo no saco escrotal. Em geral, pacientes com essa condição não apresentam qualquer tipo de desconforto ou sintoma relacionado ao problema. Somente em casos raros o testículo não descido desenvolve algum tipo de processo inflamatório ou até mesmo torção. Nesse caso, o paciente sofre de dor na região onde está localizado.
Fatores de risco para o desenvolvimento de criptorquidia
Existem alguns fatores que podem aumentar as chances do bebê nascer com criptorquidia. Entre eles podemos destacar:
- Nascimento antes do período adequado, prematuro;
- Disfunções hormonais na criança;
- Hérnias abdominais ou inguinais;
- Contato da mãe com substância tóxica;
- Baixo peso ao nascer;
- Síndrome de down.
O comportamento da mãe também pode estar fortemente relacionado ao desenvolvimento da criptorquidia. Mulheres obesas, que possuem diabetes gestacional, fumantes ou que consomem bebidas alcoólicas, aumentam as chances de ocorrer o problema.
Quais complicações a criptorquidia pode causar?
Mesmo que a criptorquidia em si não consiga provocar nenhum sintoma relevante, a sua correção cirúrgica precoce é importante diante dos riscos de complicações. Dentre as possíveis complicações e sequelas de testículos criptorquídicos estão:
– Hérnia inguinal;
– Torção testicular;
– Compressão do testículo por traumas na região onde ele está preso;
– Problemas de fertilidade na vida adulta;
– Aumento do risco de câncer do testículo.
Um testículo que não desce gera muitas complicações, como o aumento do risco de infertilidade, câncer testicular, torção testicular e hérnias. O escroto vazio também pode causar danos, como a ansiedade significativa conforme o crescimento do paciente. Por essas razões é tão importante o tratamento precoce nos meninos.
Por que ocorre a migração dos testículos?
Esta troca de ambientes que acontece ao final da gestação tem uma razão: para produzir espermatozoides viáveis e maduros, os testículos devem trocar o calor de dentro do abdômen por um lugar um pouco mais frio, como o escroto. Uma diferença de 1,5 a 2,0 ºC entre esses dois locais pode ser suficiente para inibir a produção de espermatozoides.
É possível prevenir? Especialistas em cirurgia pediátrica respondem.
Muitos pais procuram adotar um estilo de vida mais saudável durante a gestação e os primeiros meses de vida do bebê para evitar malformações, como a criptorquidia. No entanto, não existem formas comprovadas de evitar seu surgimento. O ideal é que mulheres que se enquadram no grupo de risco, como obesas e fumantes, devem procurar tratamento antes ou durante a gestação. Isso não impedirá que a malformação aconteça, mas ajuda a prevenir boa parte dos casos relacionados a esse fator de risco.
O melhor é que os pais mantenham acompanhamento com um médico especialista em urologia infantil durante toda a gestação. Assim, é possível realizar o diagnóstico precoce que evita complicações após o nascimento. Através dos exames feitos ainda durante a gravidez é possível decidir as melhores opções de tratamento, seja com cirurgia ou através de outros métodos.
Tratamentos possíveis
O tratamento nem sempre é cirúrgico, tudo depende do quadro exibido pelo paciente. Após o diagnóstico o urologista infantil consegue definir se é possível aguardar pela resolução espontânea. O objetivo do tratamento no geral é conduzir o testículo que não desceu ao saco escrotal antes de 1 a 2 anos de idade, dessa maneira busca-se diminuir o risco de lesões malignas gonadais que são associadas aos testículos abdominais, assim como melhorar o potencial de fertilidade. A discussão e decisão destes problemas deve ser feita em consulta com o cirurgião pediátrico e urologista infantil.
Cirurgia pediátrica
Quando o médico identifica um testículo não descido, que pode ser palpável em seu trajeto, a melhor opção de tratamento é a cirurgia pediátrica. O procedimento é chamado de orquidopexia e consiste em realizar uma pequena incisão próxima ao local onde está localizado o testículo e movê-lo até o saco escrotal.
A cirurgia é rápida e pode ser realizada usando-se métodos minimamente invasivos. Em geral, a criança é liberada e volta para casa no mesmo dia. Caso o paciente também possua uma hérnia inguinal, sua correção também acontece durante a cirurgia.
O ideal é realizar a cirurgia por volta dos 6 meses de vida. Em quadros onde o testículo não foi identificado no canal inguinal é possível que esteja localizado na cavidade abdominal ou é atrófico, ou seja, não se desenvolveu adequadamente. Nestes casos o tratamento pode ser realizado em 2 tempos, sendo o primeiro através de videolaparoscopia.
Tratamento conservador
Nem sempre o cirurgião pediátrico indica tratamento cirúrgico, em alguns casos o desenvolvimento do testículo o faz migrar para a bolsa escrotal nos primeiros meses de vida do bebê.
Qual o melhor prognóstico em relação a criptorquidia?
O prognóstico ideal ocorre quando a criptorquidia é reconhecida e corrigida antes dos dois anos de idade. Na orquidopexia o risco de infertilidade é reduzido, uma vez que a produção de esperma normal requer uma temperatura mais baixa e que é encontrada apenas no escroto devido suas características anatômicas. O paciente acometido pela condição passa a não produzir espermatozoides da maneira adequada, pois o testículo se encontra na cavidade abdominal ou canal inguinal, não conseguindo se manter em baixas temperaturas, que seria o ideal. Dessa forma, as características da produção de espermatozoides são alteradas, como, por exemplo, a concentração e a qualidade. Há ainda casos em que a alteração na produção de espermatozoides se resulta em azoospermia, que é uma condição caracterizada pela ausência de espermatozoides no sêmen do paciente, tornando-se infértil devido à enfermidade. Em alguns casos de azoospermia, é possível identificar a presença de espermatozoides por meio de biópsia testicular. Caso haja espermatozoides, é possível que o homem se torne pai biológico por meio de técnicas de punção testicular para extração de espermatozoides e tratamentos de reprodução humana de alta complexidade, como a ICSI. Após a realização do tratamento, a taxa de fertilidade geralmente é representada da seguinte forma:
– Em casos em que os dois testículos não desceram, 50% a 65% dos homens são férteis;
– Já em casos em que apenas um testículo não desceu, cerca de 85% dos homens são férteis.
Por mais que a orquidopexia não tenha a capacidade de reduzir o risco de câncer testicular, ela contribui com o aumento da probabilidade de descoberta ainda precoce da doença. Por mais que o testículo desça até um ano de idade, deverá ser contínua a supervisão do médico especialista, pois ainda há um pequeno risco do testículo voltar (reascender) em direção ao canal inguinal ainda na infância.
Cuide e tenha atenção à saúde do seu bebê. Ao perceber a ocorrência de má formação, como a criptorquidia, busque imediatamente a orientação de um médico especialista em cirurgia pediátrica. O planejamento e cuidado nessa fase garantem uma vida saudável e feliz ao paciente e toda a família!
Boa tarde. Vc ouviu usar choriamon para esses casos em q os dois testiculos não descem? Meu filhinho tem 1 e 7 meses e a segunda vez q o médico quer fazer uso desse medicamento. Na primeiro ele desceu mas voltou a subir