Pênis embutido em crianças: como é o tratamento.

bebê dormindo tem pênis embutido

O pênis embutido, apesar de ser uma doença pouco falada dentre as diversas doenças penianas congênitas que costumam surgir em meninos, como hipospadiafimose e pênis curvo congênito, é muito presente. 

O que é pênis embutido?

O pênis embutido é uma malformação peniana que ocorre quando o pênis fica contido para dentro do escroto e da gordura pubiana. Nessa malformação, a haste peniana fica escondida pelos tecidos que a rodeiam ficando com um aspecto de pênis pequeno ou ausência de pênis, dificultando sua exposição e higiene adequada.

Qual o médico responsável por tratar o pênis embutido?

O médico responsável por tratar o pênis embutido é o urologista pediatra, subespecialidade responsável por cuidar de todo o sistema urinário de bebês, crianças e até de adolescentes, abrangendo também outras áreas, como rins, bexiga e ureteres.

Qual a relação entre pênis embutido e micropênis?

Há diferença entre entre pênis embutido e micropênis. No caso do micropênis, o órgão genital é dois desvios-padrão menor em relação à população em geral. É comum a associação do micropênis a problemas hormonais ou síndromes. Já na complicação do pênis encarcerado, o tamanho do pênis é normal, porém parece menor que o habitual, pois o que fica visível é apenas um pouco da haste peniana.

O pênis embutido é classificado em 4 tipos, sendo eles: 

  • Normal: nesse caso normal de eixo peniano, o pênis apresenta tamanho de prepúcio interno normal e fixação normal de fáscia de dartos (uma camada de musculatura lisa, localizada por baixo da pele do escroto) e ligamentos fusiforme e suspensor do pênis;
  • Grau 1: além de apresentar mega prepúcio interno há também a falha de fixação do dartos;
  • Grau 2: apresenta mega prepúcio interno e falha de fixação do dartos associados à fusão anormal dos ligamentos fusiforme e suspensor do pênis;
  • Grau 3: Caracterizado pelo excesso de deposição de gordura supra-púbico.

Por que ocorre o encarceramento do pênis?

Há fatores que podem desencadear o encarceramento do pênis na gordura pubiana, como a obesidade, a alteração da fixação de tecidos que ficam ao redor do pênis para prender o órgão ao períneo ou devido também a cirurgias prévias.

Outras etiologias apontadas como causas

Existem outras causas para o problema, que são:

  • Falha de fixação da fáscia de dartos e da pele do pênis (prepúcio) à fáscia de Buck;
  • Excesso de gordura supra-púbica;
  • Perda de elasticidade do dartos;

Podem ocorrer também alguns casos adquiridos devido a sucessivas balanopostites ou possíveis complicações de cicatrização de cirurgias prévias.

bebê deitado tem pênis embutido

Consequências do problema

O pênis encarcerado ou incluso é uma causa comum, porém de angústia para a criança e toda a família. 

Muitos casos só começam a ser acompanhados após as crianças sofrerem bullying na escola. Casos como esses são sérios e precisam ser tratados, pois muitos desses meninos costumam apresentar problemas de interação social. 

Em grande parte dos casos a criança tem vergonha de tirar a roupa na frente de outras crianças e também de adultos, podendo ter problemas de auto-imagem e prejudicar a sua autoconfiança.

De acordo com o ponto de vista clínico, uma das principais complicações do pênis embutido é a balanopostite de repetição, decorrente da dificuldade de higiene local. Pensando no futuro, pode haver dificuldades em relação à vida sexual.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é realizado de maneira clínica, sendo considerados mais graves os casos em que o pênis exposto é de no máximo 2 cm em meninos de até 3 anos de idade. 

Na maioria dos casos, é comum as crianças já chegarem ao consultório com o seu problema atribuído à obesidade, de maneira equivocada.

Há casos em que as crianças são submetidas a postectomia, que além de não ter uma solução para o problema, pode comprometer a quantidade de prepúcio que é necessária para corrigir o pênis embutido, comprometendo o resultado do tratamento.

Há situações em que o urologista pediátrico se depara com essa condição e acaba menosprezando essa malformação, confundindo o diagnóstico, considerando o caso como apenas fimose, o que pode levar a erros cirúrgicos, principalmente pela falta de pele sobressalente para cobrir a haste peniana.

Como ajudar a resolver o problema?

A cirurgia não deve ser a primeira e única opção de tratamento para ajudar a resolver o problema. O primeiro passo é o diagnóstico correto feito pelo especialista. O IMC e o perfil hormonal da criança serão calculados e a prática de esportes e as atividades físicas devem ser intensificadas. O controle da obesidade costuma resolver esta condição em grande parte das vezes, dispensando a necessidade de intervenção cirúrgica. 

Os meninos nessa condição precisam de acompanhamento com um urologista pediátrico para acompanhar o desenvolvimento genital. Eles devem ser monitorados a cada 6 meses para medir o canal de desenvolvimento do pênis. 

O uso de hormônios em meninos que estão na pré-puberdade não é recomendado, exceto em raras exceções. Durante o início da adolescência pode ser necessária a suplementação hormonal criteriosa conforme os achados laboratoriais e clínicos do garoto.

O pênis embutido em crianças precisa de tratamento?

Para pênis embutido em crianças alguns casos não é necessário tratamento cirúrgico.

É comum que o garoto engorde um pouco antes da puberdade, fazendo com que o pênis pareça ainda menor. Mas isso ocorre porque o pênis depende da testosterona para crescer, porém ela ainda não está sendo produzida em valores elevados.

Porém há algumas situações mais extremas, como no encarceramento após cirurgia de fimose, obesidade ou quando a maior parte do pênis está embutida. Em casos como esses, uma cirurgia corretiva pode ser necessária.

Tratamento

A cirurgia corretiva é complexa e existem muitas técnicas descritas, mas as principais etapas são:

  • Abertura do prepúcio;
  • Cateterização da uretra;
  • Desenluvamento do pênis;
  • Divisão dos ligamentos fusiforme e suspensor do pênis;
  • Fixação da base do pênis ao pube;
  • Plástica de prepúcio;
  • Sutura do prepúcio ao corpo do pênis.

Há casos mais graves que apresentam uma quantidade de tecido gorduroso supra-púbico, podendo exigir lipectomia supra-púbica extensa.

Quais são os tipos de cirurgia para a correção?

O procedimento cirúrgico para pênis embutido pode variar, fazendo-se desde plásticas simples, como a confecção de retalhos escrotais, até dissecções mais extensas do pênis, associadas ou não à lipoaspiração da gordura pubiana ou dermolipectomia (excisão da gordura do púbis). 

Geralmente a cirurgia é realizada em regime de hospital-dia, tendo uma recuperação pós-operatória rápida e índice de satisfação com o procedimento bastante elevado. 

Mesmo sendo muito rara, essa malformação pode impedir o adequado desenvolvimento peniano, podendo acarretar em dificuldades de micção e infecções prepuciais e urinárias.

O tratamento cirúrgico é baseado em distribuição de pele que está em excesso para confeccionar o formato peniano habitual, permitindo a exposição adequada da glande. 

A cirurgia para pênis embutido deve ser realizada preferencialmente por volta dos 3 anos de idade, pois nesse período a criança já não usa mais a fralda e sua recuperação pós-operatória se torna mais fácil. Em casos de balonamento de micção ou se houver infecções locais ou urinárias, é necessária uma abordagem precoce para exposição da glande, o que facilita a higiene e a micção. 

Com o aumento do conhecimento sobre o problema, pouco a pouco a técnica operatória está se tornando mais simples e eficaz, retornando a forma e função do pênis, além do ganho estético.

Como os pais podem se preparar para a cirurgia?

Os pais podem se preparar para a cirurgia de pênis embutido de diversas maneiras. A partir do momento que os pais tomam conhecimento da necessidade do filho ser operado, a ansiedade toma conta de suas vidas. Por esse motivo é tão importante que os pais façam todas as perguntas que acharem necessárias, retirando todas as suas dúvidas com o urologista pediátrico. 

Mesmo que o sentimento de impotência se faça presente, tente deixá-lo de lado e focar na praticidade. Busque conhecer sobre a cirurgia, lendo sobre o assunto, pesquisando na internet e, principalmente, conversando com outros pais que já passaram pela mesma situação. 

Na medida do possível, leve em conta a situação financeira de sua família e a localização de vocês para a escolha de profissionais e instituições que você confie. É muito importante que os pais conheçam a equipe que cuidará da criança, assim como o hospital e também outros pacientes. Caso sintam-se à vontade, podem até mesmo pedir auxílio para as enfermeiras e psicólogas que atendem no local sobre como lidar com a situação.  

Descobrir problemas que possam surgir no pós-operatório é fundamental para já estarem preparados. Consulte a possibilidade de tirar alguns dias de folga para o pós-operatório (converse com o profissional especializado para saber como será esse período) e peça a ajuda de pessoas que possam auxiliar em casa, principalmente quando há outro filho que necessite de sua atenção.

Como é o pré-operatório da cirurgia de pênis embutido?

O pré-operatório da cirurgia de pênis embutido geralmente começa com o jejum necessário por conta da anestesia. Esse período pode variar conforme a idade da criança. Um bebê recém-nascido, por exemplo, pode precisar de apenas 3 a 4 horas de jejum, enquanto uma criança um pouco maior pode necessitar de seis horas de jejum. 

A criança com certeza sentirá fome, podendo ficar bastante irritada. Busque distraí-la com jogos infantis, brinquedos que ela goste, músicas, carinho e colo, mesmo que essa estratégia não seja 100% eficaz, já que algumas crianças costumam ser bem menos tolerantes a esse tipo de situação. 

Portanto, estejam preparados para esse momento. Saiba que choros sem fim são muito comuns nessas horas, mas mesmo que pareça não resolver, sua presença é extremamente importante. Tenha alguém da família por perto para que possa revezar nos cuidados em casos de muita tensão. 

Na maioria das vezes o procedimento cirúrgico é marcado pelo urologista pediátrico para o começo da manhã. A recomendação é que os pais levem a criança ainda de pijama e sem acordá-la, caso seja possível, para que ele chegue relaxado ao hospital. As crianças com idade superior a 2 anos costumam tomar um pré-anestésico via oral parecido com um xarope, responsável por deixar a criança consciente mas sem muitas lembranças. 

É comum que os pais se separem do filho na porta do centro cirúrgico, porém, em alguns hospitais, os pais podem levar a criança no colo até o local onde será aplicada a anestesia, garantindo que a criança durma com eles por perto e acorde já na sala de recuperação com os pais ao lado. 

Grande parte das instituições estão se preocupando com a humanização desse momento, oferecendo, sempre que possível, condições melhores para que a família possa permanecer sempre por perto da criança. 

Como é realizado o tratamento cirúrgico para pênis embutido?

O tratamento cirúrgico para pênis embutido é realizado quando há algumas situações consideradas mais extremas, como o encarceramento, após feita a cirurgia de fimose, como a obesidade, ou até mesmo quando parte do pênis encontra-se embutida, casos em que pode haver a necessidade de uma cirurgia corretiva. 

O tratamento cirúrgico ocorre com a realização da plástica peniana. Para que resultados satisfatórios sejam alcançados é fundamental seguir uma reeducação alimentar em pacientes com excesso de peso. 

Nos casos em que o tratamento cirúrgico é indicado, realiza-se uma dermolipectomia supra púbica em associação ao lifting da área genital, além de alguns procedimentos indicados para a fixação do escroto à base do pênis. Assim, durante a realização da cirurgia é feita uma incisão na pele, fazendo a retirada de parte da pele e de gordura supra púbica além de uma sutura na região interna do tecido, a fim de esticar a região supra púbica para cima, técnica chamada de lifting genital.  

Garoto apontando para cima - site Dr. Rafael Rocha urologista pediátrico e cirurgião infantil

Cuidados no pós-operatório

Após a realização do procedimento cirúrgico para o tratamento do pênis embutido é necessário que os pais tenham alguns cuidados. Após a liberação da criança, eles precisam manter o mesmo comportamento de antes do procedimento: manter a calma, explicando tudo o que a criança precisa saber. 

A fase do pós-operatório pode exigir alguns cuidados com curativos e alguns exames com o urologista pediátrico para garantir que tudo tenha corrido bem. É importante que os pais expliquem para a criança que ela irá se recuperar aos poucos e que aquele processo é comum e faz parte de todo o processo de recuperação. 

Há algumas equipes médicas que costumam disponibilizar kits com algodão, gaze e lenços higiênicos para que a criança brinque que está fazendo curativos nos pais. Essa é uma forma de fazer com que ela entenda que o processo é natural, já que por meio da brincadeira a facilidade de entendimento é maior. 

Enquanto a criança permanece no hospital para a sua recuperação, os pais podem levar seus brinquedos favoritos para ajudar na sua distração. Eles podem dividir-se para que consigam descansar, dessa forma poderão oferecer toda a atenção que o filho precisa. 

No momento em que a criança recebe alta hospitalar, o pediatra assistente fará todas as orientações sobre o repouso e a alimentação do pequeno paciente. Como dito anteriormente, a forma como você lidou com a criança antes da cirurgia deverá ser mantida nos dias seguintes após o procedimento. Explique a ela como os curativos e os exames estão sendo feitos, diga como ela está se recuperando bem e não esconda caso ocorra algum problema.

Contribua para que a criança forme um vínculo com toda a equipe que cuidará dela no hospital, pois isso colabora muito para que todo o processo ocorra de maneira mais tranquila. Aposte na brincadeira de médico e paciente com os bichinhos de seu filho. Tenha à mão os livros e filmes preferidos dele para auxiliar na recuperação, já que a sugestão do cirurgião pediatra é não receber visitas durante as primeiras 48 horas após o procedimento. É importante que a criança repouse para estabilizar o seu organismo, vendo filmes, lendo livros e brincando com jogos de mesa. Caso receba a visita de alguém ela pode ficar agitada e querer brincar, gerando uma situação desconfortável. 

Os cuidados necessários com a região pubiana da criança

Dentre tantas preocupações que os pais enfrentam, a maior preocupação é a forma como será feita a limpeza do pênis da criança, já que a maioria dos meninos costuma nascer com a glande (cabeça do pênis) parcialmente ou totalmente coberta pela pele. Essa pele costuma se deslocar aos poucos até os 3 anos de idade. 

Até os 4 anos de idade, 90% dos meninos são capazes de expor a glande. Quando os pais ou responsáveis forem dar banho na criança é preciso que a pele seja levemente puxada para trás (com muito cuidado e sem forçar), limpando a área com sabão neutro e colocando a pele de volta no lugar para que não fique presa. 

Há alguns casos em que apenas uma parte da glande fica exposta e a pele não é capaz de ser retraída, mas esta condição pode ser normal até o terceiro ano de vida de seu filho. Em casos como esse é importante que a pele não seja forçada para trás, pois pode machucar a criança. Lave, então, apenas a parte que está exposta. 

Crianças com mais de 5 anos já podem tomar banho sozinhas, contando com a supervisão dos pais apenas para verificar se está bem limpinho. Outro cuidado que vale para todos é ensinar os seus filhos a lavar sempre as mãos antes e depois de ir ao banheiro já que eles manipulam diretamente o pênis. 

É possível prevenir o pênis embutido?

Não há maneiras de prevenção, já que o pênis embutido é uma condição genética decorrente de anormalidade na implantação da pele e da gordura peniana, causando a falsa impressão de que o pênis é de tamanho menor que o normal. Já em outras situações, a condição é decorrente do excesso de gordura na região localizada logo acima do pênis, estando associada diretamente à obesidade. Basicamente, o pênis embutido fica abaixo da superfície da pele pré-púbica, podendo ficar totalmente ou parcialmente coberto.

Quando procurar ajuda de um especialista?

Há alguns sinais indicadores que você precisa procurar a ajuda de um especialista. O pênis embutido pode provocar: parafimose, balonização do prepúcio, balanopostite de repetição, entre outras condições. Esses sinais podem ser:

  • dor;

  • vermelhidão ou descoloração na ponta do pênis;

  • inchaço na ponta do pênis;

  • coceira;

  • mau-cheiro ou secreção purulenta abaixo do prepúcio.

É importante que os pais procurem um urologista pediátrico rapidamente caso seu filho comece a apresentar algum desses sinais. 

Garoto com problema de pênis embutido - site Dr. Rafael Rocha urologista infantil e cirurgião pediátrico

Pênis embutido e autoestima. Qual a relação?

É possível e perceptível os danos à autoestima tanto em crianças, como em adolescentes e adultos quando se fala em pênis embutido. Em crianças os sinais podem surgir quando ela passa a ter vergonha de ficar sem roupas perto de outras pessoas ou até mesmo dos pais. 

Quando iniciada a fase sexual torna-se inevitável a não exposição da maior parte do corpo do pênis, causando problemas relacionados à área sexual e afetiva, já que o tamanho do órgão fica demasiadamente comprometido. 

Quando há um ganho de peso, o problema pode se agravar com o acúmulo de gordura. Mas é importante reforçar que a origem da condição é genética. Portanto, recomenda-se o procedimento cirúrgico para casos em que há o comprometimento da atividade sexual ou de severo acometimento da autoestima do paciente, seja ele criança, adolescente ou adulto.

Diagnóstico precoce. Qual a importância?

Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, menores serão os impactos da condição sobre a autoestima do menino. Quando o procedimento cirúrgico é realizado precocemente, os danos são mínimos para o paciente. Portanto é importante e indispensável que os pais ou responsáveis consultem um urologista pediátrico experiente e capacitado para tal função.